Com o título "Aqui vivemos e lá nós sobrevivemos" o
jornal francês Le Monde publica em sua edição desta
terça-feira uma matéria sobre a imigração portuguesa no Brasil. O artigo de
página inteira é o primeiro de uma série de seis textos sobre as vítimas da
crise do Euro que deixam a Europa.
Segundo o vespertino Le
Monde, para escapar da estagnação econômica e das altas taxas de
desemprego que assolam a União Européia em plena crise financeira, em 2011, 50
mil portugueses foram se instalar no Brasil. Já o número de espanhóis dobrou
nos últimos dois anos.
Aos 47 anos, o arquiteto português Pedro Louro
decidiu se mudar para o Brasil, país em que nunca havia posto os pés. No ano
passado, aconselhado por um amigo luso-brasileiro instalado em Niterói, no
estado do Rio de Janeiro, ele desembarca na cidade para começar uma nova vida.
"O que você queria? O sistema em Portugal não funciona mais", diz ao
correspondente do Le Monde no Brasil.
Para Louro, os efeitos da crise em seu
escritório de arquitetura na cidade portuária de Cascais, a 30km da capital
portuguesa, começaram a ser sentidos a partir de 2006. Seus oito funcionários
foram reduzidos a dois, até que ele se viu só, administrando a empresa. Em
seguida, foi preciso aceitar dividir o espaço com outros profissionais para
poder pagar as contas. "O setor da construção em Portugal está
estagnado", revela.
No entanto, o recém-chegado ainda não encontrou
um novo emprego. Paciente, ele fez alguns trabalhos para escritórios de
arquitetura e para uma galeria de arte. Na espera de algo fixo, ele se
inscreveu em um curso em uma faculdade de gestão da cidade. "Quando eu
cheguei, pensei que as coisas fossem funcionar mais rápido. As pessoas me
acolheram com gentileza, todos disseram que me ajudariam, mas no final,
nada", desabafa.
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