Uma investigação da
Human Rights Watch, sobre a violência xenófoba desde 2009 a maio de 2012, põe
governo helénico em
alerta. Nos últimos seis meses houve mais de 100 ataques.
Esta semana, a Human Rights Watch deu a conhecer em Atenas
o resultado de uma investigação sobre a violência xenófoba na Grécia desde 2009 a maio de 2012. E a
conclusão é alarmante: aumentaram substancialmente os ataques violentos e
xenófobos no país, especialmente em Atenas, fazendo com que "muita gente
já não saia à noite com medo de ser atacada", afirma Judith Sunderland,
investigadora da Human Rights Watch para a Europa Ocidental, adiantando que
"nem a crise económica nem a imigração podem desculpar as falhas gregas
para controlar a violência que destrói o seu tecido social".
Segundo o jornal espanhol "ABC", as
principais razões dos ataques xenófobos prendem-se com a profunda crise
económica que o país atravessa e com vários anos de políticas falhadas, em
matérias de imigração e asilo político. Existe na Grécia uma grande população
migratória, geralmente dentro da legalidade, à qual se juntam os mais de 130
mil imigrantes ilegais que entram todos os anos no país através da Turquia, por
mar ou por terra.
Dado que nos últimos anos as leis sobre imigração não têm
funcionado e não se melhoraram as condições de receção aos estrangeiros,
cidades como Atenas ou Patras têm um grande número de imigrantes, muitos sem
trabalho e considerados pela opinião pública como causadores de assaltos,
roubos e outros delitos. A tudo isto junta-se a posição xenófoba e violenta do partido
extremista Aurora Dourada, que há meses tem estado a atacar imigrantes durante
a noite, especialmente paquistaneses, com gritos de "fora com os
estrangeiros, a Grécia é para os gregos".
A Human Rights Watch destaca, no entanto, que as detenções efetuadas
nos últimos meses, de pessoas ligadas a ataques xenófobos, demonstram que a
polícia grega têm estado empenhada em mudar a sua postura em relação ao
problema. Até então, quase ninguém era denunciado pelas vítimas dos ataques,
porque quando se dirigiam a uma esquadra de polícia para denunciar um ataque
era-lhes dito que eram ilegais e que tinham de pagar para fazer a denúncia.
Noutros casos, eram as próprias vítimas a ser ameaçadas de prisão devido à sua
condição de ilegalidade. Embora seja difícil de contabilizar o número exato de
ataques, a organização estima que nos últimos seis meses tenham existido mais
de 100 ataques.
Para Judith Sunderland, o estado grego deve transmitir uma
mensagem clara e resoluta a quem ataca imigrantes ou exilados políticos no
país: "A violência xenófoba não deve existir numa sociedade democrática e
aqueles que a utilizam serão severamente castigados".
por
Luís Manuel CabralHoje
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