quarta-feira, 18 de julho de 2012

migrantes “indocumentados”, o drama da escravatura que a Europa esconde


Partiram a 2 de Junho de Paris e durante um mês caminharam por vários países europeus defendendo e reclamando uma Europa de direitos e solidária, onde exista de facto o direito de livre circulação e de instalação . São conhecidos como os “sem papéis” ou “indocumentados”. A “Europa fortaleza” chama-lhes “imigrantes ilegais”. Artigo de Cláudia Oliveira.Artigo |17 Julho, 2012 – 23:49 Marcha Europeia dos Sem-Papéis chegou ao Parlamento Europeu.
Um mês depois, esta Marcha chegou a Estrasburgo e foi recebida no Parlamento Europeu pelos Deputados do Grupo da Esquerda Unitária (GUE/NGL).
Os representantes das várias associações e organizações envolvidas na Marcha questionaram os deputados sobre qual a razão porque na União Europeia se investe tanto na deportação de pessoas sabendo que elas não desistirão de tentar voltar pois não têm nos seus países de origem as condições que lhes permitam viver dignamente. Acusam as instituições europeias de desenvolverem esforços apenas no sentido de encontrar soluções comuns para limitar as entradas de pessoas no espaço europeu e de condicionar os seus movimentos – negando-lhes o direito de livre circulação, mas também o de instalação e residência – ou, em último caso, para as deportar.
Em seu entender, como explicaram os representantes dos “sem papéis” aos eurodeputados que os acolheram, a União Europeia nada faz no sentido de encontrar verdadeiras respostas para as pessoas que fugiram de situações de miséria, de guerra, de opressão ou de um cenário de tragédia natural. Estas pessoas vivem no espaço da União Europeia em situações de autêntico esclavagismo, vítimas de máfias, vítimas de entidades patronais que as coagem com a ameaça da denúncia às autoridades. Para esses cidadãos discriminados, acossados e encurralados sobram todos os trabalhos penosos que mais ninguém aceita fazer.
Um dos participantes na marcha invocou o exemplo do Mali, onde a exploração do principal recurso económico, as minas, é entregue às multinacionais europeias, que ficam com a quase totalidade dos rendimentos sendo os restantes distribuídos entre os governantes do país. Moral da história, concluiu, “a Europa é responsável pela situação de miséria do país, a Europa tem que nos dar respostas!”
As associações de “indocumentados” pediram às instituições europeias que encontrem soluções até ao final do Verão, alertando que se elas não chegarem terão que iniciar uma “calma e pacífica revolução”.
Os participantes na marcha recordaram aos eurodeputados que também em matéria de imigração e de asilo é preciso ter em conta as questões de género. As mulheres são as principais vítimas destas más políticas, da brutalidade e repressão policial, do facto de não se puderem defender em situações de violência doméstica, por exemplo. “O Parlamento Europeu só se interessa pelas questões humanitárias quando há um conflito em África! Nessa altura corre para lá! Mas fecha os olhos a esta situação que afecta tantas pessoas que vivem no território europeu.”
A representante das organizações suíças aproveitou também a oportunidade para denunciar que no seu país se planeia a abolição do direito de asilo. A xenofobia é cada vez maior e os requerentes de asilo são actualmente perseguidos segundo formas que ferem a dignidade humana. Todos são vistos como falsos requerentes.
Os deputados do GUE/NGL garantiram que a esquerda que representam no Parlamento Europeu lutará pelos direitos dos “sem papéis” na União Europeia. “A Carta dos Direitos tem que se aplicar a todos os que vivem na UE”, disse Gabi Zimmer, a eurodeputada alemã presidente do grupo.
A deputada francesa Marie-Christine Vergiat lamentou que a União Europeia funcione cada vez mais como “uma fortaleza”, onde são cada vez em maior número os que aqui não conseguem sequer chegar. E condenou a forma como a UE utiliza as contrapartidas dos instrumentos de política de vizinhança para chantagear e obter em troca garantias de recepção de deportados, esquecendo ou querendo ignorar as razões que levam as pessoas a emigrar e desrespeitando os direitos fundamentais dessas pessoas.
“As coisas funcionam a velocidades diferentes: em matéria de asilo avançam em bom sentido, mas os Estados Membros bloqueiam-nas; em matéria de imigração recuou-se imenso, nomeadamente com os últimos desenvolvimentos de Schengen”, explicou Marie-Christine Vergiat.
O encontro terminou com os deputados do GUE/NGL a insistirem na necessidade de as organizações manterem pontes estreitas de contacto para que possa haver uma melhor percepção da realidade; asseguraram que lutarão pelo reconhecimento da cidadania para todos os que vivem no território da União Europeia.

Artigo publicado no portal do Bloco no Parlamento Europeu.

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