O Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os
Itinerantes publicou nesta quarta-feira, dia 1º de julho, a sua mensagem por
ocasião do Domingo do Mar, que será celebrado no próximo dia 12.
Com o evento anual do Domingo do Mar, o Pontifício Conselho faz
votos de que as comunidades cristãs e a sociedade em geral reconheçam, antes de
tudo, as pessoas do mar como seres humanos que contribuem a tornar nossas vidas
mais confortáveis, e lhes agradeçam pelo trabalho e os sacrifícios.
O Domingo do Mar é uma celebração especial que a Igreja organiza
para recordar os marítimos e rezar por eles, pelas suas famílias e por aqueles
que se dedicam ao seu serviço. Tudo começou em 1975, quando o Apostolado do
Mar, a Mission to Seafarers e a
Sailors’ Society decidiram
estabelecer um dia para reconhecer a contribuição dos marítimos à economia
mundial.
Este evento tem também
uma importância ecumênica porque, em muitos portos, as celebrações e as diversas
atividades de sensibilização sobre a situação humana e de trabalho dos
marítimos são feitas em conjunto com outras denominações cristãs, dando
testemunho de unidade de propósitos e de cooperação para proteger os direitos
dessas pessoas.
"Pessoas invisíveis"
No texto da mensagem do Pontifício Conselho da Pastoral para os
Migrantes e os Itinerantes por ocasião deste evento, destaca-se inicialmente
que “para transportar mercadorias e produtos por todo o mundo, a economia
global confia em grande parte essa tarefa à indústria marítima, apoiada por uma
força de trabalho de cerca 1,2 milhões de marinheiros que, nos mares e oceanos,
governam navios de todos os tipos e dimensões e enfrentam, por sua vez, as
poderosas forças da natureza”.
Pelo fato que os portos são construídos longe das cidades e pela
velocidade de carregamento e descarregamento de mercadorias, as tripulações
desses navios são pessoas "invisíveis", destaca a mensagem. “Como
indivíduos, não reconhecemos a importância e os benefícios que a profissão
marítima oferece para as nossas vidas, porém, ficamos conscientes de seu
trabalho e de seus sacrifícios somente quando ocorre uma tragédia”.
Resgate de migrantes
A atual situação de guerra, violência e instabilidade política em
vários países criou um novo fenômeno – continua a mensagem – que está afetando
o setor de transporte marítimo. Desde o ano passado, junto com a guarda
costeira e as forças navais da Itália, Malta e a União Europeia, os navios
mercantis em trânsito pelo Mar Mediterrâneo participam ativamente no que se
tornou um resgate diário de milhares de migrantes, que buscam chegar à costa
italiana, especialmente, em todos os tipos de embarcações lotadas e inadequadas
para a navegação.
Desde tempos imemoriais os marinheiros cumprem com a obrigação de
prestar assistência a pessoas em perigo no mar, em qualquer condição. No
entanto, como observado por outras organizações marítimas, para os navios
mercantis salvar migrantes no mar representa um risco para a saúde, o bem-estar
e a segurança de suas tripulações. As embarcações comerciais são projetadas
para o transporte de mercadorias (container, óleo, gás, etc.), enquanto os
serviços a bordo (alojamento, cozinha, banheiros, etc.) são construídos de
acordo com o número limitado de membros tripulação. Portanto, estes navios não
estão equipados para prestar assistência a um grande número de imigrantes.
Traumas
Além disso, o esforço para salvar tantas pessoas quanto possível
e, às vezes, a visão de cadáveres flutuando no mar, representam uma experiência
traumática que deixa os membros da tripulação exaustos e psicologicamente
estressados, até o ponto de precisar de um apoio psicológico e espiritual
específicos.
No Domingo do Mar, como Igreja Católica, – lê-se ainda na mensagem
– expressamos nossa gratidão aos marítimos em geral, pela sua fundamental
contribuição ao comércio internacional. Este ano, em particular, reconhecemos
os grandes esforços humanitários realizados pelas tripulações de navios
mercantis, sem hesitação, às vezes arriscando suas vidas, envolvidas em
numerosas operações de resgate, salvando a vida de milhares de migrantes.
Capelães
O agradecimento também a todos os capelães e voluntários do
Apostolado do Mar por seu compromisso diário em servir os marítimos.
Na conclusão, o Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes
e os Itinerantes, na sua mensagem assinada pelo Cardeal Antônio Maria Vegliò, pede aos governos europeus e os de proveniência
dos fluxos migratórios, bem como às organizações internacionais, para que
cooperem na busca de uma solução política duradoura e definitiva para acabar
com a instabilidade existente naqueles países. Pede ainda mais recursos não só
para missões de busca e salvamento, mas também para prevenir o tráfico e a
exploração de pessoas que fogem de condições de conflito e pobreza. (SP)
Radio Vaticano
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