quarta-feira, 1 de julho de 2015

Igreja reconhece "invisíveis" que trabalham embarcados

O Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes publicou nesta quarta-feira, dia 1º de julho, a sua mensagem por ocasião do Domingo do Mar, que será celebrado no próximo dia 12.
Com o evento anual do Domingo do Mar, o Pontifício Conselho faz votos de que as comunidades cristãs e a sociedade em geral reconheçam, antes de tudo, as pessoas do mar como seres humanos que contribuem a tornar nossas vidas mais confortáveis, e lhes agradeçam pelo trabalho e os sacrifícios.
O Domingo do Mar é uma celebração especial que a Igreja organiza para recordar os marítimos e rezar por eles, pelas suas famílias e por aqueles que se dedicam ao seu serviço. Tudo começou em 1975, quando o Apostolado do Mar, a Mission to Seafarers e a Sailors’ Society decidiram estabelecer um dia para reconhecer a contribuição dos marítimos à economia mundial.
Este evento tem também uma importância ecumênica porque, em muitos portos, as celebrações e as diversas atividades de sensibilização sobre a situação humana e de trabalho dos marítimos são feitas em conjunto com outras denominações cristãs, dando testemunho de unidade de propósitos e de cooperação para proteger os direitos dessas pessoas.
"Pessoas invisíveis"
No texto da mensagem do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes por ocasião deste evento, destaca-se inicialmente que “para transportar mercadorias e produtos por todo o mundo, a economia global confia em grande parte essa tarefa à indústria marítima, apoiada por uma força de trabalho de cerca 1,2 milhões de marinheiros que, nos mares e oceanos, governam navios de todos os tipos e dimensões e enfrentam, por sua vez, as poderosas forças da natureza”.
Pelo fato que os portos são construídos longe das cidades e pela velocidade de carregamento e descarregamento de mercadorias, as tripulações desses navios são pessoas "invisíveis", destaca a mensagem. “Como indivíduos, não reconhecemos a importância e os benefícios que a profissão marítima oferece para as nossas vidas, porém, ficamos conscientes de seu trabalho e de seus sacrifícios somente quando ocorre uma tragédia”.
Resgate de migrantes
A atual situação de guerra, violência e instabilidade política em vários países criou um novo fenômeno – continua a mensagem – que está afetando o setor de transporte marítimo. Desde o ano passado, junto com a guarda costeira e as forças navais da Itália, Malta e a União Europeia, os navios mercantis em trânsito pelo Mar Mediterrâneo participam ativamente no que se tornou um resgate diário de milhares de migrantes, que buscam chegar à costa italiana, especialmente, em todos os tipos de embarcações lotadas e inadequadas para a navegação.
Desde tempos imemoriais os marinheiros cumprem com a obrigação de prestar assistência a pessoas em perigo no mar, em qualquer condição. No entanto, como observado por outras organizações marítimas, para os navios mercantis salvar migrantes no mar representa um risco para a saúde, o bem-estar e a segurança de suas tripulações. As embarcações comerciais são projetadas para o transporte de mercadorias (container, óleo, gás, etc.), enquanto os serviços a bordo (alojamento, cozinha, banheiros, etc.) são construídos de acordo com o número limitado de membros tripulação. Portanto, estes navios não estão equipados para prestar assistência a um grande número de imigrantes.
Traumas
Além disso, o esforço para salvar tantas pessoas quanto possível e, às vezes, a visão de cadáveres flutuando no mar, representam uma experiência traumática que deixa os membros da tripulação exaustos e psicologicamente estressados, até o ponto de precisar de um apoio psicológico e espiritual específicos.
No Domingo do Mar, como Igreja Católica, – lê-se ainda na mensagem – expressamos nossa gratidão aos marítimos em geral, pela sua fundamental contribuição ao comércio internacional. Este ano, em particular, reconhecemos os grandes esforços humanitários realizados pelas tripulações de navios mercantis, sem hesitação, às vezes arriscando suas vidas, envolvidas em numerosas operações de resgate, salvando a vida de milhares de migrantes.
Capelães
O agradecimento também a todos os capelães e voluntários do Apostolado do Mar por seu compromisso diário em servir os marítimos.
Na conclusão, o Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes, na sua mensagem assinada pelo Cardeal Antônio Maria Vegliò, pede aos governos europeus e os de proveniência dos fluxos migratórios, bem como às organizações internacionais, para que cooperem na busca de uma solução política duradoura e definitiva para acabar com a instabilidade existente naqueles países. Pede ainda mais recursos não só para missões de busca e salvamento, mas também para prevenir o tráfico e a exploração de pessoas que fogem de condições de conflito e pobreza. (SP) 

Radio Vaticano

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