sexta-feira, 31 de julho de 2015

Em busca de asilo, refugiados viram alvo de ataques violentos na Alemanha

A Alemanha vem recebendo um aumento significativo de pedidos de asilo nos últimos anos. Em 2014, o número bateu o recorde e chegou a ser o mais alto em 20 anos, atingindo 202.645 dos 600.000 pedidos em toda a Europa. Já para 2015, esse número tende a ser maior do que 450.000 pedidos. Paralelamente a esse aumento, há uma crescente onda de violência, protestos e atentados por todo o país.
Segundo o Ministério do Interior alemão, entre o período de janeiro a junho de 2015 houve pelo menos 202 crimes cometidos contra abrigos de estrangeiros no país, superando todos os ataques ocorridos em 2014. De acordo com estimativa da polícia alemã, aproximadamente 85% destes ataques podem ter sido realizados por grupos de extrema-direita.
Grande parte dos protestos e atos violentos é organizada via redes sociais, com a existência de grupos no facebook que realizam apologia contra os refugiados. Entre os crimes realizados estão pichações com ameaças deixadas nas portas dos abrigos, além de agressões físicas e incêndios. Um mapa com a localização de diversos abrigos para estrangeiros teve que ser retirado do ar, como maneira de impedir que os ataques se proliferassem.
Em abril, um futuro centro para refugiados com capacidade para 40 asilados – e que seria inaugurado em maio, na pequena cidade de Troglitz, na Alemanha – foi alvo de um incêndio intencional. O fato ocorreu após semanas de manifestações de grupos de extrema-direita e neonazistas que se posicionavam contra a vinda de novos refugiados à cidade, o que levou a renúncia do ex-prefeito – quem teve seu carro incendiado – após algumas ameaças pessoais contra a decisão da prefeitura em receber mais 40 refugiados.

Já no mês de julho, houve mais casos de protestos e incêndios, como o do dia 18, em Remchingen, e dias depois, em Reichertshofen. No dia 25, em Dresden, um protesto violento contra a abertura de um novo campo de refugiados que é gerido pela Cruz Vermelha deixou 3 feridos. Após o protesto violento, no qual manifestantes arremessaram pedras e garrafas, o campo que é formado por tendas e que abriga mais de 700 pessoas passou a ser patrulhado por policiais por medida de segurança.
De acordo com o professor do Núcleo de estudos sobre a violência da Universidade de Bielefeld, Andreas Zick, a esta onda de xenofobia estão somados o fato dos grupos neonazistas e xenófobos estarem mais violentos e organizados, e a tolerância velada do Estado e da sociedade civil com relação a ações xenófobas. Com o aumento do número de refugiados e de ataques no país, é preciso uma atenção especial do Governo, ONGs e Organismos Internacionais sobre essa problemática.
Fontes:
Foto:
FABRIZIO BENSCH / Fabrizio Bensch/REUTERS


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