No
momento em que o maior campo de refugiados no Oriente Médio, o campo de Zaatari
(na Jordânia), prepara-se para celebrar seu terceiro aniversário, o Alto
Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) revelou um aumento no número de
refugiados que buscam abrigo em outras regiões do país.
O ACNUR afirmou que as condições de vida dos mais de meio milhão
de refugiados que vivem em áreas urbanas da Jordânia tornam-se cada vez mais
difícil, aumentando a população dos campos – onde há mais assistência. A última
pesquisa mostrou que 86% de refugiados urbanos vivem abaixo da linha de pobreza
Jordana, o que significa cerca de US$95 per capita ao mês.
“Com a lotação de Zaatari, o número de refugiados em busca de
abrigo no segundo campo da Jordânia, Azraq, aumentou nos primeiros seis meses
deste ano” disse Adrian Edwards, porta-voz do ACNUR, em Genebra.
Na primeira metade de 2015, 3.658 pessoas retornaram para Azraq
vindos de áreas urbanas, comparado com apenas 738 na segunda metade de 2014.
Esta tendência é impulsionada pela crescente vulnerabilidade de
refugiados urbanos na Jordânia, cujas economias estão esgotadas após anos em
exílio, e que estão impossibilitados de achar meios de subsistência legais.
Aqueles que vivem em Amman, capital do país, estão tentando sobreviver em umas
das cidades mais caras no Oriente Médio.
Muitos já viram o valor da sua quota mensal de alimentos
entregue pelo Programa Mundial de Alimentos (PMA) sendo cortada nos últimos
meses e agora enfrentam a probabilidade de perdê-los totalmente a partir do
próximo mês.
O campo de Zaatari é o maior campo de refugiados do Oriente
Médio, com aproximadamente 81 mil residentes Sírios. O assentamento temporário
foi estabelecido em 29 de Julho de 2012 entre enormes fluxos de refugiados da
Síria.
O campo foi levantando em nove dias, e desde então tem crescido
em grande escala. Incialmente
houve problemas com eletricidade para iluminação dos refugiados poderem
carregar seus celulares e, assim, manter contato com suas famílias na Síria e
em outros lugares.
Filas de tendas que abrigaram os primeiros refugiados que
chegaram a Zaatari foram agora substituídas por abrigos pré-fabricados. Mais de
metade da população é formada por crianças, representando desafios relacionados
ao reestabelecimento da educação interrompida abruptamente pela guerra. Uma em
cada três crianças não frequenta a escola.
Existem também alguns 9.500 jovens no campo com idades entre 19
e 24 anos que precisam de treinamento profissional e, como a população mais
adulta, também precisam de oportunidades de emprego e geração de renda. Cerca
de 5,2% destes jovens estavam na universidade na Síria, mas tiveram que
abandonar os estudos devido ao conflito, enquanto 1,6% graduaram-se com
sucesso.
“Mais oportunidades necessitam ser encontradas para esta geração,
e para os milhares de outros refugiados em volta da região em situação
similares. Eles são o futuro da Síria” disse Arianne Rummery, do ACNUR.
Mais de 4 milhões de refugiados estão registrados na região
vizinha Síria, incluindo cerca de 629 mil na Jordânia.
Por: ACNUR
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