"Não consideramos
correto que [a Sérvia] nos mande refugiados, eles têm que ser parados em
território sérvio", disse o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, em
entrevista à rádio pública húngara Kossuth.
"Estamos a considerar
todas as hipóteses, incluindo a possibilidade do fecho físico e completo de
fronteiras", declarou o primeiro-ministro conservador, acrescentando que
uma decisão será possivelmente tomada na próxima quarta-feira, dia 17 de junho.
Os governos de ambos os
países irão reunir-se na primeira metade de julho para discutir a situação.
Para Viktor Orban, as fronteiras
da zona Schengen "não precisam de ser tocadas neste momento, [mas] é
altura de reforçar as fronteiras externas".
A Sérvia ainda não é membro
da União Europeia (UE), embora tenha iniciado as conversações para a adesão,
enquanto a Hungria faz parte da UE e da zona Schengen.
No ano passado, a Hungria
recebeu 43.000 refugiados, mais refugiados 'per capita' que qualquer outro país
da UE (excetuando a Suécia) e registando um aumentando drástico desde 2012, ano
em que recebeu 2.000 pessoas.
Em 2015, já são cerca de
54.000 os imigrantes que entraram no país, e segundo Janos Lazar, político
próximo do primeiro-ministro, calcula-se que o total no final do ano alcance os
130.000.
No início de 2015
registou-se um pico de refugiados vindos do Kosovo, mas a grande maioria neste
momento são oriundos da Síria, do Iraque e do Afeganistão.
De acordo com dados
oficiais, 95 por cento deles chegam à Hungria através da Sérvia.
A Áustria, que faz fronteira
com a Hungria e também tem registado um aumento drástico no número de
imigrantes, disse esta semana que vai enviar 40 agentes da sua polícia para
ajudar a reforçar a fronteira entre a Hungria e a Sérvia.
Os comentários de Viktor
Orban acontecem ao mesmo tempo que se desenrola uma campanha de anti-imigração
do governo, que envolve cartazes com 'slogans' como "Se vieres para a
Hungria, não podes tomar os trabalhos húngaros".
Alguns dos cartazes têm sido
vandalizados, e vários cartazes de protesto em tom satírico foram colocados
durante os últimos dias.
Segundo meios de comunicação
locais, um dos 'slogans' de paródia era "Se vieres para a Hungria, podes
trazer um primeiro-ministro são, por favor?"
Um partido satírico, o
'Partido Húngaro do Cão com Duas Caudas', declarou já ter recolhido 25 milhões
de florins (80.000 euros) de doações em três dias com a promessa de colocar
mais cartazes de protesto.
O governo de Viktor Orban
distribuiu também um questionário sobre imigração a oito milhões de votantes, o
que foi duramente criticado pela agência da ONU para os refugiados, entre
outras organizações.
Um estudo realizado em abril
concluiu que a xenofobia na Hungria está ao nível mais alto dos últimos 14
anos, enquanto o partido anti-imigração Jobbik tem visto a sua classificação
subir em algumas sondagens.
France Presse.
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