sábado, 13 de junho de 2015

Hungria ameaça fechar fronteira com Sérvia


"Não consideramos correto que [a Sérvia] nos mande refugiados, eles têm que ser parados em território sérvio", disse o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, em entrevista à rádio pública húngara Kossuth.

"Estamos a considerar todas as hipóteses, incluindo a possibilidade do fecho físico e completo de fronteiras", declarou o primeiro-ministro conservador, acrescentando que uma decisão será possivelmente tomada na próxima quarta-feira, dia 17 de junho.
Os governos de ambos os países irão reunir-se na primeira metade de julho para discutir a situação.

Para Viktor Orban, as fronteiras da zona Schengen "não precisam de ser tocadas neste momento, [mas] é altura de reforçar as fronteiras externas".
A Sérvia ainda não é membro da União Europeia (UE), embora tenha iniciado as conversações para a adesão, enquanto a Hungria faz parte da UE e da zona Schengen.
No ano passado, a Hungria recebeu 43.000 refugiados, mais refugiados 'per capita' que qualquer outro país da UE (excetuando a Suécia) e registando um aumentando drástico desde 2012, ano em que recebeu 2.000 pessoas.

Em 2015, já são cerca de 54.000 os imigrantes que entraram no país, e segundo Janos Lazar, político próximo do primeiro-ministro, calcula-se que o total no final do ano alcance os 130.000.
No início de 2015 registou-se um pico de refugiados vindos do Kosovo, mas a grande maioria neste momento são oriundos da Síria, do Iraque e do Afeganistão.

De acordo com dados oficiais, 95 por cento deles chegam à Hungria através da Sérvia.
A Áustria, que faz fronteira com a Hungria e também tem registado um aumento drástico no número de imigrantes, disse esta semana que vai enviar 40 agentes da sua polícia para ajudar a reforçar a fronteira entre a Hungria e a Sérvia.

Os comentários de Viktor Orban acontecem ao mesmo tempo que se desenrola uma campanha de anti-imigração do governo, que envolve cartazes com 'slogans' como "Se vieres para a Hungria, não podes tomar os trabalhos húngaros".
Alguns dos cartazes têm sido vandalizados, e vários cartazes de protesto em tom satírico foram colocados durante os últimos dias.
Segundo meios de comunicação locais, um dos 'slogans' de paródia era "Se vieres para a Hungria, podes trazer um primeiro-ministro são, por favor?"

Um partido satírico, o 'Partido Húngaro do Cão com Duas Caudas', declarou já ter recolhido 25 milhões de florins (80.000 euros) de doações em três dias com a promessa de colocar mais cartazes de protesto.

O governo de Viktor Orban distribuiu também um questionário sobre imigração a oito milhões de votantes, o que foi duramente criticado pela agência da ONU para os refugiados, entre outras organizações.

Um estudo realizado em abril concluiu que a xenofobia na Hungria está ao nível mais alto dos últimos 14 anos, enquanto o partido anti-imigração Jobbik tem visto a sua classificação subir em algumas sondagens.


 France Presse.

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