O brasileiro que emigra nos dias de hoje para os Estados
Unidos é proveniente da classe média baixa, a chamada classe C. A maior parte
tem ensino médio ou curso superior e vem de centros urbanos, principalmente do
Sudeste e do Centro-Oeste. A maioria entra no país com visto de turista.
A busca por melhor renda, mais qualidade de
vida para os filhos e segurança nas grandes cidades está entre os fatores que
levam brasileiros a sair do país e viver nos Estados Unidos.
“Vemos
um número crescente de brasileiros que chegam em busca de qualidade de vida e
que temem a violência urbana no Brasil”, argumenta o economista Álvaro Lima,
autor do livro Brasileiros na América.
Na opinião dele, o imigrante brasileiro que
vive nos Estados Unidos tem um perfil diferente do de outros latinos, como os
vindos do México e de países centro-americanos. “O brasileiro costuma ter mais
escolaridade, muitas vezes, ensino superior e vem de centros urbanos. Foi assim
na fase inicial da imigração nos anos de 1980 e continua assim atualmente”,
diz.
O governo brasileiro diz não ter dados
precisos sobre a quantidade de imigrantes que vivem nos Estados Unidos. Segundo
as autoridades, a dificuldade se explica porque os censos recolhem dados
estáticos e o fluxo migratório (de ida e vinda) é variável. Além disso, nem
toda migração é legal (autorizada).
O Ministério das Relações Exteriores (MRE),
entretanto, calcula que existam de 1,3 milhão a 1,4 milhão de brasileiros
residentes no país. As maiores comunidades brasileiras estão em Massachusetts,
Connecticut, Flórida, New Jersey, Califórnia e Georgia.
O Censo norte-americano tem números
subestimados a respeito da comunidade brasileira. O último levantamento, de
2010, contabilizava cerca de 340 mil.
O
cônsul do Brasil em Atlanta, Hermano Telles Ribeiro, disse à Agência Brasil que ostatus migratório não é um fator importante
para o atendimento aos brasileiros que vivem nas comunidades nos Estados
Unidos. "Nossa preocupação no atendimento à comunidade não é saber se a
pessoa tem ou não documentação. Nos preocupamos primeiro com os direitos e
deveres que a pessoa tem como cidadã brasileira", destaca.
A maioria dos brasileiros que vivem nos
Estados Unidos trabalha no setor da construção civil, de turismo e serviços ou
como domésticos.
Há ainda os brasileiros que deixam o país
em busca de carreira acadêmica ou convidados por grupos de multinacionais e
empresas norte-americanas. “Em menor proporção, alguns brasileiros vêm estudar
por um tempo ou por um contrato de trabalho e acabam se estabelecendo definitivamente
aqui”, observa o cônsul.
A chegada de brasileiros ao país diminuiu
com o maior controle migratório depois do atentado terrorista de 11 de setembro
de 2001 – quando dois aviões atingiram as torres do World Trade Center, em Nova
York. A perspectiva econômica ruim no país, pós-crise de 2008, também fez com
que a entrada de brasileiros diminuísse.
Hoje, entretanto, os especialistas veem um
novo crescimento no movimento migratório. "Com base no que vejo em
Atlanta, a maioria dos brasileiros que chegam atualmente são de classe média
baixa e vem em busca de melhores condições de renda porque veem, novamente, a
economia norte-americana crescendo e uma fase mais difícil na economia
brasileira”, disse o cônsul.
Nas
redes sociais, as comunidades de brasileiros nos Estados Unidos recebem posts
quase diários de pessoas interessadas em saber como estão as condições de
trabalho no país. É o caso de uma paranaense de 24 anos, recém-chegada aos
Estados Unidos, que conversou com a Agência Brasil.
“Eu consegui meu visto de turista porque
trabalhava como secretária em uma empresa no Paraná, mas vim para ficar. Juntei
dinheiro para o começo, mas quero me estabelecer aqui”, diz a jovem que pediu
para não ter o nome divulgado.
EBC
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