O mercado laboral do Brasil vê vantagens na nova vaga de emigração de portugueses, com boas qualificações, e, apesar de as autorizações de trabalho em 2011 não ultrapassarem as 1600, o número foi o dobro face ao ano anterior.
Ao todo, foram concedidas 1.599 autorizações no ano passado (1.292 provisórias e 307 permanentes), face a 798 em 2010, que já havia sido o ano de maior emissão deste documento para portugueses, atraídos cenário de crescimento económico no Brasil, oposto ao cenário que se vive em Porttugal.
Segundo a Câmara Portuguesa Comércio no Brasil, os portugueses recém-chegados ao Brasil têm um padrão comum: são licenciados, têm entre 25 e 40 anos, e trabalham em áreas como arquitetura, engenharia, tecnologia, administração, gestão e gastronomia, além dos estudantes de programas de mestrado.
A principal vantagem destes novos emigrantes é a formação. "Os europeus no geral que migram para o Brasil por conta da crise económica têm mais estudo e conhecimento técnico e profissional do que os brasileiros, e, por isso, conseguem colocar-se no mercado de trabalho".
Por outro lado, setores industriais em crescimento abriram muitas vagas técnicas, que requerem menos qualificações, afirma Márcio Guerra, gerente-executivo adjunto de estudos e prospetiva do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI).
"Muitas vezes, os migrantes têm qualificação melhor do que a vaga requer. Mas, dependendo da situação em que se encontram seus países, o salário pode valer a pena", diz.
Os setores da indústria mais promissores para novos trabalhadores sem qualificação específica são os vocacionados para consumo, construção civil, alimentação, confeção e automóvel, diz Guerra.
Já os trabalhadores com mais estudos, afirma o gerente do SENAI, serão mais necessários no setor do petróleo e nos estados do Norte e Nordeste do país, que possuem menos mão de obra qualificada disponível e vão receber mais investimentos nos próximos anos.
O aumento da emigração de portugueses, e de europeus em geral, no mercado brasileiro também foi notada por movimentos sindicais do país. Não há, entretanto, medo de uma competição predatória.
"No Brasil, fala-se de uma grande carência de engenheiros. Se vierem 50, 100 ou 200 profissionais liberais portugueses, não vão atender à demanda, nem causar transtorno no mercado", diz Francisco Antonio Feijó, Presidente da Confederação Nacional das Profissões Liberais.
Segundo Feijó, entretanto, pode ser negativo se o Brasil deixar de qualificar a sua mão de obra técnica para importá-la de fora. Já João Antônio Felício, secretário de Relações Internacionais da Central Única dos Trabalhadores (CUT) realça que a presença de estrangeiros pode enriquecer a formação do brasileiro.
"Brasil sempre mandou trabalhadores para fora, que depois trouxeram conhecimento ao Brasil. Agora são os europeus que chegam com a nova informação para a troca de experiências", afirma Felício.
Lusa
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