O policiamento dos Estados Unidos ao longo da fronteira mexicana discrimina os hispânicos e contribui para as mortes de imigrantes ilegais, de acordo com um estudo realizado pelo grupo de direitos humanos Anistia Internacional.
O relatório, intitulado "Em terreno hostil: Violações dos Direitos Humanos na Aplicação da Lei da Imigração no Sudoeste dos EUA", identifica falhas sistêmicas das autoridades federais, estaduais e locais para fazer valer as leis de imigração, sem discriminação.
"As comunidades que vivem ao longo da fronteira EUA-México, especialmente latinos, indivíduos considerados como sendo de origem latina e comunidades indígenas, são desproporcionalmente afetados por uma série de medidas de controle de imigração, resultando em um padrão de violações dos direitos humanos", disse o estudo.
O governo dos EUA reforçou a segurança ao longo da fronteira de quase 3.220 quilômetros com o México nos últimos anos, colocando cercas adicionais, tecnologias de vigilância e agentes da patrulha de fronteira. O governo federal também tem parceria com algumas forças policiais estaduais e locais para dar aos oficiais poderes de reforço da lei.
Um porta-voz do Departamento de Segurança Interna, a agência controladora das autoridades federais de imigração, contestou as descobertas da Anistia Internacional afirmando serem baseadas em informações erradas.
Segundo Matthew Chandler, as descobertas foram baseadas "quase inteiramente em informação desatualizada ou histórias anônimas que não podem ser nem investigadas nem resolvidas".
Ele acrescentou que o departamento "trata as alegações de discriminação racial e violação dos direitos civis e das liberdades civis seriamente e tem processos para investigar imediatamente e tomar uma atitude apropriada conforme necessário".
Mas o Departamento de Justiça dos EUA acusou recentemente o gabinete do xerife do condado de Maricopa, no Arizona, de engajar-se em discriminação racial sistemática contra latinos nos seus esforços para reprimir a imigração ilegal.
O estudo da Anistia apontou que os programas federais de imigração que operavam em conjunto com polícias estaduais e locais colocavam "comunidades latinas, comunidades indígenas e comunidades de pessoas de cor ao longo da fronteira em risco de discriminação."
Também foi descoberto que os povos indígenas cujas terras e comunidades estão na fronteira são "frequentemente intimidados e assediados por funcionários da fronteira por falarem pouco inglês ou espanhol e por terem apenas documentos tribais de identificação".
Ao mesmo tempo, o aumento dos esforços de policiamento "cada vez mais coloca em risco o direito à vida dos indivíduos" por redirecionar os imigrantes "para o terreno mais hostil ... incluindo passagens por vastos desertos, rios e montanhas elevadas no calor escaldante."
O relatório disse que de 1998 a 2008, até 5.287 imigrantes morreram ao tentar cruzar a fronteira. A Reuters não conseguiu verificar o dado de forma independente.
A Anistia pediu ao governo dos EUA para suspender todos os programas de aplicação da lei de imigração na pendência de uma análise e para garantir que as suas políticas e práticas de fronteira não tenham o "efeito de levar à morte de imigrantes".
No ano passado, as detenções de imigrantes que passaram pela fronteira ilegalmente provenientes do México caíram para 327.577, o nível mais baixo desde 1972, quando o presidente Richard Nixon estava no poder.
Reuter
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