sábado, 31 de março de 2012

Crise e imigração fortalecem ideais neonazistas na Grécia


O empobrecimento geral e o elevado número de imigrantes ilegais na Grécia deram origem a um violento grupo neonazista, intitulado “Amanhecer Dourado” (Jrysi Avgi), que pode conseguir representação parlamentar já nas próximas eleições antecipadas, previstas para abril e maio.

Após os distúrbios do último dia 12 de fevereiro, uma inquietante pintura apareceu em um dos locais atingidos do centro de Atenas: “Fogo aos hebreus”, acompanhada pelo símbolo de uma forca em que estavam penduradas uma estrela de David e outra anarquista.

“Amanhecer Dourado” – cujo símbolo lembra uma suástica – está ganhando terreno e seus integrantes não duvidam em expor publicamente seus ideais xenofóbicos e sua opção pela rejeição aos imigrantes, que, por sua vez, são qualificados como uma “escória humana”.

“Invadiram nossa terra e tiraram nossos trabalhos. Se conseguirmos o poder, vamos deportar todos os imigrantes e fechar novamente nossas fronteiras com minas, cercas elétricas e guardas”, diz Ilyas Panayotaros, porta-voz do partido e candidato a deputado.

Fundado em 1993 pelo ex-oficial do Exército grego Nikolaos Mijaloliakos, o partido mantém vínculos com outros movimentos neonazistas europeus e, segundo as denúncias da imprensa e políticos gregos, com elementos da Junta Militar deposta em 1974 e, inclusive, com grupos da atual polícia.

Até o momento, o partido ainda não tinha recebido um apoio eleitoral relevante. Mas, nas eleições municipais de 2010, a legenda conseguiu eleger um vereador na Prefeitura de Atenas (em alguns distritos com até 20% dos votos).

As enquetes das eleições gerais apontam que o partido deverá superar a barreira eleitoral dos 3%, o que poderia garantir uma dezena de cadeiras no Parlamento.

Tensão

Na última semana, no bair­­ro de Aghios Pante­­li­­mo­­nas, a tensão era evidente. Cerca de 2 mil pessoas participavam de uma passeata sob o lema “Fora neonazistas”. No entanto, para evitar um possível confronto, as tropas antidistúrbios interromperam a manifestação e bloquearam a rua com ônibus blindados.

Isso porque, na Praça de Aghios Pantelimonas, aproximadamente 50 militan­­tes do “Amanhecer Dourado” se manifestavam contra a imi­­gração.

“Na há nazistas na Grécia. Eu seria um nazista simples­­mente por ser um europeu branco e democrático que não quer imigrantes no seu bairro? Grécia é muito pequena, mas a Ásia é muito grande. Portanto, podem voltar para os seus países”, afirma Constantinos Alopis, um desempregado, de 35 anos, que recebe 500 eu­­ros por mês.

Nos últimos anos, este bair­­ro do centro de Atenas foi muito afetado pela crise e o desemprego aumentou visivelmente, algo que também afeta os próprios imigrantes, que vivem em grande número nessa região, muitos deles ilegais.

Conscientes de que não há trabalho na Grécia, os imi­­grantes desejam agora ir para o norte da Europa. Porém, os controles de fronteira os retêm no país mediterrâneo.

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