sexta-feira, 12 de agosto de 2011
Portugal: Crise alterou fluxos migratórios
O diretor da Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM) considera que os fluxos migratórios se alteraram “muito”, em virtude da crise económica e social que Portugal atravessa, e que o país vai pagar por isso.
Em entrevista ao Programa ECCLESIA na Antena 1, frei Francisco Sales chama a atenção para a descida acentuada do número de imigrantes e para os problemas que daí poderão surgir no futuro.
“A imigração está praticamente estagnada e os portugueses vão sofrer as consequências, numa altura da história em que a taxa de natalidade dos europeus é baixíssima e em Portugal ainda mais baixa está”, realça.
O líder da OCPM recorda que “os imigrantes são uma fonte de renovação para a população local e um dos grupos que mais garantem a Segurança Social com os seus descontos”.
Os resultados preliminares dos Censos 2011 referiam um crescimento de cerca de 1,9% da população, face ao apuramento de 2001, precisando que o mesmo se deveu essencialmente à imigração, uma vez que o aumento de perto de 200 mil indivíduos é explicado em 91% pelo saldo migratório.
Por outro lado, frei Francisco Sales mostra-se também preocupado com o número de portugueses que têm vindo a abandonar o país, em busca de melhores condições de vida.
Já não são só os jovens que partem para o estrangeiro, “por não encontrarem saída profissional em Portugal”, aponta.
Segundo o sacerdote católico, começa a verificar-se cada vez mais a fuga de “famílias inteiras, gente que perdeu os seus trabalhos, às vezes com compromissos económicos grandes”.
Para o diretor da OCPM “é muito difícil contabilizar” quantas pessoas é que têm estado a abandonar o país, devido à “facilidade de circulação”.
“É preciso ter a consciência de que neste mundo tão global, as pessoas já não vão com o intuito de voltar”, sublinha ainda.
Depois de, num passado recente, muitos emigrantes portugueses terem escolhido Angola como destino de eleição, as opções de saída começaram a voltar-se novamente para a Europa.
“Suíça, Luxemburgo, França, Alemanha, Reino Unido, é para aí que as pessoas vão”, adianta o religioso franciscano.
Na face oposta desta dinâmica migratória, verifica-se que a Roménia, uma das nações mais afetadas pela crise mundial, ultrapassou Cabo Verde em termos do número de imigrantes presentes em Portugal, sendo suplantada apenas pelas comunidades brasileira e ucraniana.
A Igreja Católica celebra esta semana atê 14 de agosto a 39ª Semana Nacional das Migrações, este ano especialmente dedicada à comunidade cabo-verdiana, que terá como ponto alto a peregrinação a Fátima, presidida por D. Arlindo Gomes Furtado, bispo de Santiago (Cabo Verde).
A iniciativa organizada pela Comissão Episcopal da Mobilidade Humana e pela OCPM tem como lema ‘Uma só Família Humana’.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário