quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Como a Suíça trata imigrantes


Filme mostra tratamento desumano aos imigrantes.

A Suíça é o único país da Europa que, para deportar imigrantes de avião, usa o método do entrave, ou seja, eles ficam com os pés e as mãos algemados e uma corrente impede que possam ficar de pé. Durante o vôo, que pode durar mais de dez horas, o imigrante expulso não pode ir ao banheiro e é obrigado a ir fazendo nas calças suas necessidades. Três imigrantes já morreram durante esses vôos e tinham sido presos sem qualquer delito cometido.
O método suíço é bárbaro, indigno e vergonhoso e foi regulamentado durante a presença, na junta de sete ministros que governa o país, do ministro do Partido do Povo, Christoph Blocher, líder da extrema-direita, chamada de populista mas com comportamento de partido neo-nazista.
Esse Partido, com quase 30% de votos nas eleições legislatives, é o maior da Suíça. Costuma promover campanhas contra imigrantes, propor votações populares com o objetivo de transformar os estrangeiros em bodes expiatórios de todos os males suíços, política semelhante à usada por Hitler contra os judeus.
Uma nova lei do Ministério da Justiça no departamento de emigração, inclui a obrigação dos diretores de escolas denunciarem as crianças de imigrantes sem papéis. Essa proposta adicional ao arsenal de medidas deixada pelo ex-ministro do Partido do Povo, se deve à nova ministra que é do Partido Socialista. Lei semelhante não existe nos outros países europeus, mas tinha sido criada, em 1935, na Alemanha nazista, e consistia na obrigação dos professores denunciarem os alunos judeus, ciganos ou filhos de comunistas.
Essas revelações foram feitas no decurso do encontro com a imprensa do cineasta Fernand Melgar, depois da exibição do seu filme Vôo Especial, concorrendo ao Leopardo de Ouro. Melgar já fez outro filme, há poucos anos, Forteresse , sobre os campos de refugiados, onde ficam presos os estrangeiros enquanto aguardam os julgamentos de seus pedidos de refúgio.
O novo filme de Fernand Melgar foi autorizado a documentar o lugar onde ficam presos os “sem papéis”, alguns deles já tendo família na Suíça onde vivem há mais de dez anos e mesmo vinte anos, como um kosovar em fase de expulsão, que saiu do Kosovo na época da guerra e não tem mais nenhuma ligação com seu país de origem, tendo se integrado à Suíça.
Fernand Melgar fará um terceiro filme sobre os imigrantes, mostrando como vivem no país de origem os imigrantes expulsos.
Na prisão de filmagem, localizada no lado suíço-francês, conta Melgar, o tratamento por parte dos responsáveis é correto, mas do lado suíço-alemão os imigrantes chegam a ficar em células isoladas, sem terem cometido qualquer crime ou delito, razão pela qual ocorrem suicídios.
Fernand Melgar deixa claro haver uma responsabilidade coletiva do povo suíço nessas medidas desumanas e discricionárias, pois foi o povo suíço quem votou e autorizou essas ações contra os imigrantes.

Rui Martins, de Locarno, convidado pelo Festival de Cinema

Um comentário:

  1. Espero que este tipo de noticia seja mostrada em cadeia nacional, porque nosso povo e acolhedor e o que fazem com as pessoas aqui fora e doloroso moro nos Estados Unidos aqui o tratamento e um pouco melhor de qualquer forma sempre ha descriminacao.

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