António Vitorino defendeu que as imigrações não resolvem o problema português do rejuvenescimento da população e das lacunas do mercado de trabalho provocado pelo declínio demográfico acentuado.
Intervindo no XI encontro de formação de agentes sócio-pastorais das migrações, que decorreu entre os dias 14 e 16 de Janeiro em Fátima, o antigo comissário europeu considerou que “a situação é preocupante”: o facto da taxa de fertilidade em Portugal ser 1,2 (abaixo da taxa de reposição que é de 2,1 filhos por casal) é o factor fundamental.
“A imigração tem um papel de ajustamento. O problema, no entanto, é da cultura da sociedade portuguesa e das políticas públicas e das instituições privadas sobre a fertilidade”, considera.
Para António Vitorino, este é um debate “delicado”. Porque “a decisão de ter filhos é pessoal; é a consciência individual e os valores de cada um que preside à decisão de ter ou não filhos”.
“O padrão pode ser atenuado mas não creio que ele possa ser radicalmente alterado nos próximos tempos”.
“A imigração dá um contributo para o rejuvenescimento, mas é um contributo temporário e não pode pensar-se que o rejuvenescimento de um país depende apenas da imigração. Isso é utópico e poderia ser um erro para a coesão da sociedade”, afirmou.
António Vitorino considera também que as sociedades não podem acolher os imigrantes que não conseguem integrar.
“Haver espaço no mercado de trabalho e a necessidade de rejuvenescimento da população não pode estar dissociado do facto das pessoas que chegam terem cultura diferente”, lembrou.
“Não vale a pena fazer modelos matemáticos em matéria do mercado de trabalho e do rejuvenescimento populacional”. António Vitorino defendeu a necessidade de manter a coesão social, integrando complemente os imigrantes, oferecendo-lhes a mesma dignidade que as populações que os acolhem.
O encontro de formação de agentes sócio-pastorais das migrações é promovido pela Agência Ecclesia, a Cáritas Portuguesa e a Obra Católica Portuguesa de Migrações. A XI edição desta iniciativa debate o tema “Primeira década de uma nova era das migrações”. No Domingo, último dia do encontro, assinala o 97º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado.
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