Cresce a tensão sobre a população imigrante na Grécia, país considerado uma porta de entrada para estrangeiros ilegais na União Europeia. Manifestantes de extrema direita atiraram pedras contra uma passeata pró-imigração na capital, Atenas, neste sábado (15/01). Em seguida, os dois grupos foram dispersos por explosões de gás lacrimogêneo, informou a polícia grega.
A manifestação pró-imigrantes tinha mais de mil representantes de grupos anti-racismo, esquerdistas e de imigrantes. Eles protestavam contra um polêmico plano do governo para construir uma cerca na fronteira com a Turquia para impedir a entrada de imigrantes ilegais na Grécia.
Outra razão do protesto é um projeto de lei que acelerará o processo de asilo e de expulsão, em caso de o pedido ser negado, com o objetivo de reduzir o fluxo dos imigrantes ilegais que chegam à Grécia, que no ano passado atingiram os 126 mil.
"Mais de cem membros de grupos neonazistas e cerca de 200 residentes atacaram os manifestantes de esquerda e outros com pedras. A polícia usou gás lacrimogêneo e granadas de efeito moral", contou um policial à agência de notícia Reuters.
Pelo menos um manifestante foi preso, mas o governo ainda não informou os números.
A manifestação foi realizada no bairro Agios Pandeleimonas, que no último ano adquiriu destaque por conta das disputas entre os moradores e os imigrantes ilegais.
Muro
Estima-se que meio milhão de imigrantes ilegais e pessoas que pediram asilo moram na Grécia, que tem cerca de 11 milhões de habitantes.
Uma enquete realizada pelo grupo de pesquisa Alco para o jornal local Thema revelou que 73% dos consultados apoiam o plano da construção da cerca, que deve ter 12,5 quilômetros na fronteira com a Turquia.
A Grécia se tornou a principal rota de entrada de pessoas da Ásia, Oriente Médio e África na União Europeia. O país também possui uma comunidade muçulmana em crescimento e as tensões entre os gregos e os imigrantes se intensificaram em algumas áreas de Atenas.
Em novembro, dezenas de ativistas de extrema direita e residentes locais atiraram ovos e provocaram centenas de imigrantes muçulmanos que se reuniam para rezar durante o Eid al-Adha em uma praça central, cercados por um cordão de proteção da polícia.
Eid al-Adha, que significa Festa do Sacrifício, é uma comemoração muçulmana que marca o fim do Hajj, peregrinação a Meca.
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