A América Latina e o Caribe tiveram uma rápida recuperação do emprego em 2010 até alcançar o patamar anterior à crise, mas ainda deve enfrentar o desafio de melhorar as condições de trabalho de milhões de trabalhadores, segundo dados da OIT, que nesta semana, realiza sua 17a Reunião Regional Americana, no Chile, com delegados de 35 países do continente.
"A diminuição do desemprego é uma boa notícia e mostra a capacidade que tiveram os países de lidar com a crise, bem como a rápida recuperação de suas economias", disse o Diretor-Geral da OIT, Juan Somavia . "O desafio hoje é a qualidade dos empregos, ou seja, avançar no caminho do trabalho decente”.
Somavia abriu nesta terça-feira, 14 de dezembro, a 17 ª Reunião Regional da OIT com a presença de Ministros do Trabalho das Américas, representantes de governos, de organizações de empregadores e de trabalhadores da América Latina e do Caribe, bem como dos Estados Unidos e Canadá.
As Reuniões Regionais são realizadas a cada quatro anos em diferentes regiões do mundo. A primeira Reunião Regional na história da OIT foi justamente no Chile, em 1936.
Estimativas da OIT com base nos dados mais recentes compilados na região indicam que a taxa de desemprego urbano na América Latina e no Caribe chegará a 7,4% no final de 2010, em comparação a 8,1% em 2009, que foi o ano de maior impacto da crise, e praticamente no mesmo nível que os 7,3% em 2008.
"Se olharmos além da taxa de desemprego, temos o desafio de melhorar a produtividade e os salários, reduzir a informalidade, melhorar a cobertura da proteção social e enfrentar as desigualdades", acrescentou Somavia. "Não é só importante gerar mais empregos, mas que estes empregos sejam de qualidade."
A OIT destacou que as políticas anticrise adotadas pelos países contribuiram para que o impacto no mercado de trabalho fosse moderado na região. Somavia disse que num momento de recuperação com um crescimento econômico estimado superior a 5% neste ano, se põe à prova a vontade política para manter como objetivo prioritário a geração de mais e melhores empregos.
"A realidade é que a economia pode ser melhorada, mas enquanto a maioria das pessoas não tenha acesso a um trabalho decente e renda suficientes, a recuperação não será real ou sustentável. Precisamos da ampliação de postos de trabalho para fomentar o crescimento", acrescentou o Director Geral da OIT. "Para isso é necessário promover as pequenas empresas, pois elas são os maiores geradores de postos de trabalho".
Dados compilados no Sistema de Informação Laboral para a América Latina e o Caribe (SIALC) da OIT, revelaram que a Reunião convocada no Chile, se realizará num contexto, no qual a redução do desemprego urbano favoreceu por igual a homens e mulheres, estas últimas ainda enfrentam uma lacuna na questão de gênero que se reflete numa taxa de desemprego 40% mais alta.
Também se destacou que a taxa de desemprego juvenil urbano diminuiu de 17,4 a 16,3% em um grupo de sete países para os quais há dados disponíveis. Esse percentual é ainda mais que o dobro da taxa de desemprego total e cerca de três vezes a dos adultos.
Além disso, os dados disponíveis em cinco países para o segundo semestre de 2010 mostram um aumento do emprego no setor formal de 4,6%. No entanto, a ocupação no setor formal das empresas aumentou a um ritmo de 7,2%.
"As discussões desta Reunião Regional permitirão abordar os desafios do emprego e definir a maneira pela qual as Américas podem colaborar com o desenho de uma globalização mais justa, através de seu próprio progresso e desenvolvimento, forjando sociedades mais equitativas e prósperas", ressaltou Somavia.
Durante a Reunião Regional haverá uma série de sessões plenárias em que participarão representantes dos governos, de organizações de empregadores e de trabalhadores, bem como discussões sobre temas como seguridade social na América Latina, as lições da crise e da cooperação Sul-Sul. Dia 15 será apresentado no Relatório Mundial sobre Salários da OIT.
Nenhum comentário:
Postar um comentário