terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A extrema-direita e xenófoba na Europa

Da Suécia à Ásutria passando por Itália, os partidos de extrema-direita têm vindo a conquistar terreno e a impor a sua agenda política.


Suécia
Num país que sempre se orgulhou da sua tradição de tolerância, a vitória dos democratas suecos em Setembro do ano passado deixou o sistema político em choque: a imprensa falou do "fim de uma era" e de "um salto para o desconhecido". Em cinco anos o partido passou de resultados eleitorais irrisórios para uma votação de 5,7 por cento, o que lhes deu 20 deputados num Parlamento de 349, o suficiente para impedir um Governo maioritário da aliança de centro-direita - o país tem agora um Executivo sem maioria no Parlamento. Num país em que 14 por cento dos 9,4 milhões de habitantes são imigrantes, o líder do partido, Jimmie Akesson, afirmou que o aumento de população muçulmana é a maior ameaça do país desde a II Guerra Mundial.

Holanda
Geert Wilders conseguiu atenção dentro e fora da Holanda com uma série de acções mediáticas, a maioria centradas num filme em que o islão é representado como uma religião "terrorista". A dificuldade em exibir o filme Fitna permitiu-lhe apresentar-se como um mártir da liberdade de expressão. Nas eleições de Junho do ano passado, o Partido para a Liberdade de Wilders fez campanha contra a "islamização da Holanda" e conseguiu 24 deputados em 150 deputados, com 15,5 por cento da votação, tornando-se o terceiro maior partido no país e essencial para uma maioria. Ainda que o partido não integre o Governo, o seu grupo parlamentar apoia-o. Esse apoio teve um preço: o Executivo comprometeu-se com leis sobre o uso do véu islâmico e com limites à imigração de fora da Europa.

Dinamarca
Pia Kjaersgaard é das mais eficazes líderes de partidos anti-imigração e anti-islão no panorama europeu. A líder do Partido do Povo da Dinamarca (200 mil muçulmanos numa população de 5,4 millhões) recusa a expressão "choque de civilizações" porque "só há uma civilização, que é a nossa - os outros querem o primitivo, o bárbaro, o medieval". O partido conseguiu resultados expressivos desde 2001, quanto obteve 12 por cento dos votos, e embora não tenha entrado no Governo, o seu apoio parlamentar permitiu-lhe deixar marcas com as alterações de 2002 às leis da imigração, na altura descritas como as mais estritas da Europa. Desde então, a Dinamarca tem apertado as leis da imigração em média uma vez em cada oito meses e Kjaersgaard já estabeleceu um novo objectivo para as eleições, que deverão ser realizadas até Novembro: entrar no Governo.

Hungria
O Jobbik é um partido com uma retórica forte e imagem a condizer. As palavras são sobretudo contra o "crime cigano", embora também sejam anti-semitas, e esteve sempre ligado a uma força paramilitar, a Magyar Garda (Guarda Húngara), em que voluntários com uniformes semelhantes aos do partido fascista da Hungria durante a II Guerra Mundial patrulham cidades com populações ciganas. O líder do Jobbik, Gabor Vona, usou o uniforme ao tomar posse no Parlamento após as legislativas de 2010. A guarda foi entretanto ilegalizada mas continua a aparecer com novos nomes. O Jobbik, agora a terceira força política do Parlamento, explora o medo dos ciganos e a percepção de que os judeus têm demasiado poder. A popular eurodeputada Krisztina Morvai afirmou, em relação aos judeus do país - cerca de 100 mil , a maior população judaica da Europa Central -, que "o seu tempo acabou", sugerindo que o partido iria tratá-los "do mesmo modo que o Hamas".

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