As escolas da rede estadual de ensino de São Paulo
receberam 8.278 alunos imigrantes em 2015, dos quais 174 vindos de países
árabes. Em 2016, o ano letivo começa em 15 de fevereiro, mas as matrículas
podem ser feitas durante todo o ano. As informações são da Secretaria de
Educação do Estado de São Paulo.
“Nós trabalhamos muito na gestão do aluno imigrante. Ele
veio para o Brasil, independente de sua vontade, para ficar”, destaca Edina
Rosa, diretora do Núcleo de Inclusão Educacional da secretaria paulista.
Rosa destaca que não há burocracia para a matrícula de
estrangeiros. Não é necessário, por exemplo, comprovar que se está em situação
regular no país. A matrícula do aluno pode ser feita com os documentos que os
pais dispuserem naquele momento, como passaporte ou o Registro Nacional de
Estrangeiro (RNE). Ela lembra, no entanto, que uma documentação mais completa é
requerida para que o aluno possa receber o certificado ao final de cada ciclo
de ensino.
Nem a falta do histórico escolar serve de entrave às
matrículas dos imigrantes, já que as equipes pedagógicas podem aplicar uma
prova para identificar o ciclo no qual o aluno deve ser inserido. No total, a
rede estadual paulista conta com cinco mil escolas.
Adaptação
Em relação aos alunos árabes, Rosa conta que o estado
recebeu estudantes desde os seis anos, do ciclo básico até a Educação de Jovens
e Adultos (EJA).
A diretora aponta que a adaptação dos alunos mais jovens,
de qualquer nacionalidade, acontece mais facilmente por meio da interação com
os estudantes brasileiros. “Conviver com outra criança facilita essa inclusão”,
aponta.
Ela diz ainda que os alunos árabes “são mais contidos,
mais reservados”, que os de outras regiões. “Eles são mais tímidos, mas vemos
que o respeito pelo outro é muito grande. O árabe observa mais, é mais quieto,
mas quando ele observa mais esse espaço em que está, ele consegue fazer essa
interação [com os outros alunos]”, ressalta.
O professor também exerce um importante papel na inserção
do aluno no ambiente escolar. “O professor responsável pela sala dá uma atenção
especial [ao imigrante]. Ele coloca o aluno com um colega, não em atividades
individuais, para observar se ele consegue fazer um amigo”, diz.
O rendimento do aluno imigrante também é acompanhado pela
escola. “A rede [estadual de ensino] oferece recuperação e acompanhamento
individual”, conta Rosa. Neste acompanhamento é que a escola verifica, por
exemplo, se o aluno tem dificuldades relacionadas ao idioma.
O ensino de português é uma das questões em que a rede
procura disponibilizar diferentes pontos de apoio. Algumas escolas estaduais,
por exemplo, oferecem aulas da língua aos finais de semana, por meio do
Programa Escola da Família.
Nas escolas onde não há esta opção, os professores das
séries iniciais buscam apoio dos professores de inglês que atuam nas
instituições. “O professor de língua estrangeira facilita a comunicação”,
afirma Rosa, lembrando que muitos estrangeiros que chegam aqui falam inglês.
Vale lembrar que os alunos imigrantes contam ainda com o
trabalho do núcleo pedagógico da secretaria, que envia professores de língua
estrangeiras para orientar os professores das escolas onde não há ensino de uma
segunda língua.
Origens
A maior parte dos alunos imigrantes que estuda na rede
estadual vem de países da América do Sul, como Bolívia e Argentina. Entre os
árabes, no ano passado, o estado registrou matrículas de alunos da Arábia
Saudita, Argélia, Bahrein, Catar, Djibuti, Egito, Iêmen, Iraque, Jordânia,
Kuwait, Líbano, Líbia, Marrocos, Palestina e Síria. Sírios (65), cataris (41) e
libaneses (29) são os principais grupos entre os alunos da região.
A maior parte dos imigrantes foi matriculada nas escolas
estaduais da capital paulista, mas também houve um número considerável de
registros em municípios como São Bernardo do Campo, Guarulhos, São José do Rio
Preto, Campinas, Mogi das Cruzes, Franca, Sorocaba e Jacareí.
Para encontrar a escola estadual mais próxima de sua
residência, pais e alunos podem acessar o link
www.educacao.sp.gov.br/central-de-atendimento/index_escolas.asp.
Aurea Santos
Agencia de Noticias
Brasil- Arabe
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