quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Sete milhões migraram de norte para sul, Portugal-Brasil é rota importante



Um total de 2247 portugueses receberam um visto de trabalho no Brasil em 2012, contra 708 em 2009
Mais de sete milhões de pessoas migraram do hemisfério norte para o sul em 2010, revela hoje a Organização Internacional para as Migrações (OIM), que identifica a rota de Portugal para o Brasil como um dos grandes corredores migratórios.
Intitulado "Bem-estar e desenvolvimento dos migrantes", o relatório anual da OIM, sublinha que as migrações não são fenómenos limitados a movimentos de pessoas de países em desenvolvimento para países desenvolvidos, mas cada vez mais de países desenvolvidos para países emergentes.
Embora a maioria dos migrantes - 69% - tenham origem no sul do planeta, entre três e seis por cento dos movimentos migratórios, ou seja entre sete e 13 milhões de pessoas no mundo, aconteceram no corredor Norte-Sul em 2010, disseram os especialistas Franck Lazko e Tara Brian na apresentação do relatório, em Genebra.
É uma tendência que está aumentando desde do início da crise, sublinharam.
No documento, as estatísticas portuguesas são usadas para ilustrar esse novo fenómeno de migração Norte-Sul: Em 2010, saíram de Portugal para Brasil 222.148 emigrantes, naquele que é considerado um dos grandes corredores migratórios pelo Departamento económico e assuntos sociais das Nações Unidas.
Um total de 2.247 portugueses receberam um visto de trabalho no Brasil em 2012, contra 708 em 2009.
A emigração de Portugal para países africanos, como a África do Sul, Angola e Moçambique, aumentou 42% nos últimos 10 anos, refere ainda o relatório da OIM.
Segundo os números mais atuais do Observatório da emigração, 23.787 pessoas chegaram de Portugal a Angola em 2009, enquanto o número de portugueses residentes em Moçambique aumentou de 6.211 para 9.224 entre 2008 e 2012.
Em 2010 viviam no continente africano cerca de 60.000 pessoas provenientes de Portugal.
Gervais Appave, conselheiro especial da OIM, explicou à Lusa os fatores que contribuem para o aumento da migração Norte-Sul: O crescimento económico das nações emergentes tornou países como Angola e Brasil mais atrativos e as sociedades comerciais e industriais europeias com perspetivas internacionais começaram a criar sucursais no estrangeiro.
Além disso, a crise de 2008 e o crescimento das economias emergentes levou os imigrantes de origem estrangeira que residiam em Portugal a voltarem para o país de origem. Foi o caso de 157.766 brasileiros entre 2005 e 2010.
Finalmente, a crise europeia também levou jovens qualificados sem emprego a procurar oportunidades de trabalho fora de Portugal.
Portugal conheceu várias ondas de emigrações desde os anos 50, a última provocada pela grande recessão europeia. Em 2010, dois milhões de portugueses viviam no estrangeiro, tendo injetado 2,45 mil milhões de euros na economia do país.
Segundo o relatório da OIM - que se baseia numa sondagem realizada pela Gallup junto de mais de 25.000 imigrantes em mais de 150 países - 40% da migração global acontece de sul para norte, 33% entre países no sul, 22% entre países no norte e cerca de 5% de norte para sul.
Este fenómeno crescente da migração norte-sul revela-se sobretudo nos corredores EUA-México (0,6 milhões) EUA-África do Sul (0,3 milhões), Alemanha-Turquia (0,3 milhões) e Portugal-Brasil (0,2 milhões).

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