segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Portugal: crise econômica afeta migrações e redução de natalidade

 Por conta da crise econômica que afeta Portugal, as mulheres estão tendo menos filhos. A taxa de fecundidade caiu de 1,4 crianças por mulher em 2008, quando começou a crise financeira, para 1,2 em 2012. Os dados fazem parte do Pordata, site da Fundação Francisco Manuel dos Santos.
A tendência de diminuição de nascimentos já ocorria antes da crise, levada pelo desenvolvimento social de Portugal. Os principais fatores eram o planejamento familiar, a maior escolarização e empregabilidade feminina.
A pequena empresária e arquiteta Cristiana Almeida, é exemplo desse fenômeno demográfico. Aos 37 anos, casada há sete, ela avalia que não terá filhos. "Não tive filho antes porque tive uma doença, e, agora que posso ter, a crise não deixa. A situação econômica não permite", disse.
Segundo ela, ter filhos em Portugal é bastante oneroso, pois mesmo o atendimento em hospitais públicos exige contrapartida do usuário, e nas escolas do Estado há gastos com livros escolares. Ela só lamenta: "Ter filho nessa situação é injusto e cruel".
Porém, a redução era compensada com a vinda de estrangeiros. Dados do Censo Populacional de 2011 mostram que os imigrantes foram responsáveis por 94% do crescimento populacional na década passada, representando 38 mil de 10 milhões de pessoas.
Migrações
No entanto, essa realidade mudou. Outra consequência da crise econômica é que os estrangeiros que residiam no país, além dos próprios portugueses, estão deixando o território lusitano.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), 20 mil imigrantes saíram de Portugal no ano passado, sendo 6 mil brasileiros. O resultado é que nos últimos dois anos, a população residente no País diminuiu em 85 mil pessoas, número também influenciado pela mortalidade idosos idosos e pela emigração dos portugueses.
Não há estatística sobre a saída dos portugueses, porque a circulação na União Europeia é livre e nem todo emigrante se registra no consulado no exterior, mas o governo admite que esse número cresce exponencialmente.
Para a diretora do Pordata, Maria João Valente Rosa, a situação é "crítica, mas não ameaçadora. O futuro não é uma fatalidade", diz.


Além da redução de filhos ser uma decisão que tem a ver com o esclarecimento das mulheres, ela lembra que a migração pode ser boa em alguns aspectos. "Há pessoas que saem e até enriquecem", salienta.

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