quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Solicitações de refúgio em países industrializados crescem 17% na primeira metade de 2011


Na primeira metade deste ano, os países industrializados observaram um aumento de 17% nas solicitações de refúgio. A maioria destes solicitantes veio de países com situações prolongadas de deslocamento forçado.

Os resultados estão no relatórioNíveis e Tendências do Refúgio em Países Industrializados divulgado hoje, em Genebra, pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR). O relatório mostra que 198,3 mil pedidos de refúgio foram apresentados nos países industrializados entre 1º de janeiro e 30 de junho de 2011, comparado com 169,3 mil no mesmo período do ano passado.

Como as solicitações de refúgio tendem a atingir seu pico no segundo semestre, o ACNUR prevê que os países desenvolvidos deverão registrar cerca de 420 mil requerimentos até o final deste ano – se confirmado, este número será o maior em oito anos.

O relatório joga luz sobre a realidade do refúgio em 44 países industrializados. Os dados globais do ACNUR divulgados em junho deste ano revelaram que existem no mundo 15,4 milhões são refugiados, sendo que 80% vivem em países em desenvolvimento.

Os números do relatório sobre refúgio nos países industrializados refletem os recentes conflitos no norte, leste e oeste da África que têm gerado grandes crises de deslocamento forçado. De acordo com o documento, houve um aumento no número de solicitantes da Tunísia, Costa do Marfim e Líbia (4,6 mil, 3,3 mil e 2 mil pedidos, respectivamente). Entretanto, o impacto destes conflitos nas solicitações de refúgio nos países pesquisados tem sido limitado.

Considerando os 44 países analisados no relatório, os principais países de origem dos requerentes de refúgio permanecem praticamente os mesmos das pesquisas anteriores: Afeganistão (15,3 mil solicitações), China (11,7 mil solicitações), Sérvia e Kosovo (10, 3 mil solicitações) e Irã (7,6 mil solicitações).

“2011 tem sido um ano de crises de deslocamento como nenhum outro que eu tenha visto enquanto Alto Comissário”, disse o chefe do ACNUR, António Guterres. “Entretanto, o impacto destes eventos nas solicitações de refúgio feitas em países industrializados parece ter sido menor do que se esperava, já que a maioria dos que fugiram foi para países vizinhos aos conflitos. Igualmente, somos gratos aos países industrializados que continuam a respeitar o direito das pessoas de terem suas solicitações de refúgio ouvidas”, completou o Alto Comissário António Guterres.

Por continente, a Europa registrou o maior número de requerimentos, com 73% de todas as solicitações de refúgio entre países industrializados. Apenas a Oceania teve declínio significativo nas solicitações: 5,1 mil no primeiro semestre de 2011, comparadas a 6,3 mil no mesmo período do ano anterior.

Entre os países industrializados, os Estados Unidos receberam o maior número de solicitações, seguidos por França (26,1 mil), Alemanha (20,1 mil), Suécia (12,6 mil) e Reino Unido (12,2 mil). A região nórdica foi no continente europeu com queda nos pedidos. Por outro lado, os requerimentos no nordeste da Ásia aumentaram mais que o dobro – foram recebidos 1,3 mil requerimentos no Japão e Coreia do Sul, comparados a 600 na primeira metade de 2010.

O relatório não mostra quantas solicitações de refúgio foram confirmadas pelos países, que por sua vez também não podem ser vistas como um indicador de taxas de migração.

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