Imigrantes deportados voltam a enfrentar riscos para chegar ao território americano, que consideram sua casa
"Minha esposa, meu filho – tenho que voltar para eles", dizia Daniel a si mesmo, do momento em que foi preso em Seattle por dirigir com uma carta de motorista vencida até a deportação que o devolveu ao México em junho.
Nada iria impedi-lo de cruzar a fronteira novamente.
Ele havia deixado sua cidade natal aos 24 anos. Doze anos mais tarde, ele tem um filho americano, é casado, quase fluente em inglês e três irmãos nos Estados Unidos.
"Vou continuar tentando", disse ele, "até que chegue lá."
Este é cada vez mais o perfil da imigração ilegal de hoje. Abrigos para imigrantes ao longo da fronteira com o México não são usados por recém-chegados à procura de uma vida melhor, mas por quem tem experiência na travessia: homens e mulheres mais velhos, que muitas vezes já foram deportados, enfrentando riscos cada vez maiores para voltar para suas famílias nos Estados Unidos – o país que eles consideram seu lar.
Eles representam um desafio para os políticos americanos porque continuam a seguir para o norte apesar dos obstáculos.
Além de a economia americana ter pouco a oferecer, a própria fronteira está muito mais ameaçadora. De um lado, as cercas aumentam e os agentes americanos se multiplicam. Do outro lado, criminosos assombram a jornada.
Embora esses fatores – e melhores oportunidades em seu próprio país – tenham levado a imigração ilegal do México ao seu nível mais baixo em décadas, eles não são suficientes para assustar um grupo determinado.
Cerca de 56% das prisões na fronteira com o México em 2010 envolveram pessoas que já haviam sido capturadas anteriormente, um número acima dos 44% registrados em 2005. Uma porcentagem crescente de deportados nos últimos anos também já havia sido deportada antes, de acordo com Departamento de Segurança Nacional.
Para o governo do presidente Barack Obama, esses infratores reincidentes tornaram-se uma alta prioridade. Processos de reentrada ilegal dispararam e as autoridades dizem que agora este é o crime mais processado no sistema federal.
O governo reconhece que imigrantes como Daniel estão enraizados nos Estados Unidos e, normalmente, não têm antecedentes criminais. Mas, de acordo com o novo plano apresentado no mês passado – a suspensão de deportações para casos de baixa prioridade, incluindo imigrantes trazidos para os Estados Unidos quando crianças – os infratores reincidentes na travessia da fronteira de maneira ilegal deverão ser removidos do país ao lado de "criminosos graves", "membros de gangues conhecidos" e "indivíduos que representam um risco evidente para a segurança nacional".
Por Damien Cave
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