Meses atrás a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro-ministro inglês David Cameron tinham anunciado em entrevista coletiva a morte do multiculturalismo. As notícias recentes publicadas na BBC de Londres mostram que eles estão cumprindo o que prometeram.
O primeiro-ministro britânico anunciou nesta segunda-feira que vai apertar o cerco à imigração e pediu aos cidadãos ingleses que denunciem os imigrantes ilegais, para que a Grã-Bretanha reconquiste suas fronteiras. As declarações de Cameron são esclarecedoras: “Estamos criando uma nova agência anticrime com um comando dedicado à patrulha de fronteira... mas quero a ajuda de todos (ingleses) inclusive relatando suspeitos de imigração ilegal. Juntos, vamos reconquistar nossa fronteira e mandar os ilegais de volta para casa”. Afirma que vai proibir casamentos “arranjados” para motivos migratórios e restringir os procedimentos para a concessão de vistos. Foi com declarações como essas que o mundo tomou consciência da natureza do nazismo na Alemanha. As medidas contra os imigrantes na Inglaterra são arrogantes, colonialistas e fascistas, a exemplo dessa convocação “patriótica” ao dedo-durismo como um novo esporte dos ingleses. A verdade é que a Europa e os Estados Unidos vivem uma grave crise econômica do capitalismo. São mais de duzentos milhões de desempregados e outras dezenas de milhões em estágio crônico abaixo da linha de pobreza. Parte considerável desses nas nações capitalistas centrais. São nesses momentos de crises que desabam falsas doutrinas como o multiculturalismo, apresentado ao mundo como um avanço, um novo estágio nas relações de convivência entre as diversas culturas, “raças”, etnias, em uma mesma cidade, uma mesma nação. No entanto o que se pretendia era uma gigantesca mobilidade da força de trabalho migrante tornando-a mais barata, sem os direitos trabalhistas integrais (ou mesmo nenhum) principalmente na Europa e nos EUA. Milhões de trabalhadores do terceiro mundo foram iludidos pela indústria midiática internacional que também forjou reprodutores dessas falsas teses no próprio terceiro mundo. O multiculturalismo é uma doutrina intolerante, promotora do apartheid, da “segregação moderna”, com a ideia da coabitação em separado sem a integração cultural ao ambiente nacional. Mas agora passa a prevalecer o “fascismo civilizado” e a deportação dos trabalhadores.O multiculturalismo que parecia sólido, com a crise global do capitalismo “se desmanchou no ar”.Eduardo Bomfim
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