segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Pesquisa do ACNUR revela que a maioria dos sírios que chegam à Grécia são estudantes

A travessia do Mediterrâneo é traiçoeira, o risco de afogamento é constante. Mas os refugiados continuam a chegar, dia após dia, em uma frota de botes que se espalham pelas margens das ilhas gregas próximas à Turquia, totalizando quase 800 mil pessoas somente em 2015.
A maioria está fugindo do conflito na Síria. Em termos de nível educacional, eles representam o potencial produtivo de seu país: 86% dizem que têm o ensino secundário ou universitário. Metade do grupo pesquisado tem estudado em universidades.
Mas eles carregam as feridas da guerra da Síria consigo. Um a cada cinco pesquisado ainda está à procura de um membro de sua família que ficou no país.
Estes são alguns dos resultados de uma pesquisa (dados em inglês) recém-publicada pelo ACNUR Inspirada em entrevistas realizadas pelas equipes de proteção do ACNUR nas fronteiras greco-turca, ao total foram entrevistados 1.245 sírios entre abril e setembro de 2015.
A grande maioria dos entrevistados (78%) tinha menos de 35 anos. A profissão mais frequentemente mencionada foi a de estudante: 16 % dos desse total disseram que estavam estudando antes de fugirem. As demais profissões mais citadas foram: comerciantes – 9%; carpinteiros, eletricistas, encanadores – 7%; engenheiros, arquitetos – 5%; médicos ou farmacêuticos – 4%.
No geral, o perfil da população em fuga é pessoas altamente qualificadas.
Quase dois terços dos entrevistados (63%) disseram que eles deixaram a Síria em 2015. E cerca de 85% afirmaram que chegaram a uma das ilhas gregas em sua primeira tentativa. A maioria dos que responderam ao questionário (65%) disseram não ter necessidades especiais. Cerca 5% disseram ainda que foram torturados.
A maioria passou menos de três meses em um terceiro país antes de atravessar o Mediterrâneo. Poucos, apenas 13%, tinham os documentos necessários para ficar em um terceiro país. Entre essas pessoas, quase a totalidade (91%) das que viviam em um terceiro país por mais de um mês estavam hospedados em alojamentos particulares. Apenas uma minoria, apenas 3%, estavam alojados em acampamentos.
As principais razões para deixar um terceiro país e cruzar o Mediterrâneo foram as dificuldades de encontrar trabalho e os temores sobre sua própria segurança.
"Este estudo é o primeiro de uma série de avaliações que o ACNUR está realizando para entender quem são esses refugiados, de onde vêm, o que já passaram", disse Diane Goodman, Chefe do Escritório do ACNUR na Europa. "Somente quando os governos, o ACNUR e seus parceiros possuírem estas informações que nós podemos verdadeiramente satisfazer as necessidades de assistência e de proteção à estas famílias".
Dentre os entrevistados, cerca de 58% disseram que sua intenção era a de tentar trazer posteriormente outros membros da família ao seu país de refúgio.
À medida que o conflito na Síria se aproxima do quinto ano da eclosão do conflito, a maioria daqueles que desembarcaram nas costas europeias disseram que estavam esperando para obter refúgio na Alemanha, seguido pela Suécia. As principais razões que os entrevistados deram foram a reunificação familiar, a assistência aos refugiados, as possibilidades de emprego e oportunidades educacionais.
"Sírios arriscam suas vidas e as vidas de seus filhos para tentar chegar na Europa em busca de oportunidades de educação e emprego, pela chance de viver em paz e segurança", disse Goodman. "No entanto, poderia haver formas legais de vir para a Europa - através de reunião familiar, vistos de estudante ou de trabalho, de patrocínios privados ou mais vagas para o reassentamento - o que seria mais seguro, mais regulado e infinitamente mais humano."
A pesquisa do ACNUR não representa toda a população de refugiados sírios que chegam à Grécia e a metodologia usada não era uma amostragem aleatória.
Mas a análise propicia uma visão geral do 'perfil' de sírios que chegaram na Grécia entre abril e setembro de 2015.

 Acnur 

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