No Dia
Internacional do Voluntário, integrantes de organizações não governamentais e
da ONU se reuniram para celebrar a prática do voluntariado. Estrangeiros e
brasileiros puderam mostrar para o público as atividades que desenvolvem para
tornar o mundo um lugar melhor.
Integrantes de
organizações não governamentais e das Nações Unidas se reuniram neste sábado
(5), em evento realizado pelo Programa de Voluntários da ONU (UNV), no Rio de
Janeiro, para celebrar o Dia Internacional do Voluntário. A comemoração contou
com apresentações musicais, teatrais, de dança e de lutas, além de oficinas e
outras atividades culturais. A festa foi organizada em parceria com a
plataforma Atados, que conecta pessoas que desejam realizar trabalho voluntário
a diferentes ONGs. A organização começou a atuar na capital fluminense
recentemente.
Entre os
voluntários que compareceram ao evento, onde 30 ONGs se reuniram para uma feira
de voluntariado, estava Roberta Azevedo, fundadora da Associação Amparando
Jardim Gramacho. A organização auxilia famílias da região há cerca de um ano,
recebendo crianças que não podem ficar sozinhas enquanto os pais trabalham
durante o dia. A Amparando oferece refeições e aulas para os jovens, além de
prestar outros serviços de assistência social à comunidade. Na instituição,
todos são voluntários.
Roberta resolveu
criar a Associação depois de trabalhar por 12 anos como professora da rede
pública de ensino. A fundadora queria “ir além dos muros da sala de aula” para
assistir mães e famílias. Depois de se formar em serviço social, a fundadora
decidiu se dedicar ao voluntariado, uma atividade que, segundo ela, exige
“responsabilidade, amor ao próximo e solidariedade”. A Amparando conseguiu se
vincular à plataforma da Atados graças à mediação do UNV, que fez a ponte entre
as duas organizações.
Outra organização
presente na comemoração foi a Teto, instituição que constrói moradias
emergenciais em comunidades de extrema pobreza, em toda América Latina e no
Caribe, além de mapear problemas de desenvolvimento e buscar soluções para
questões locais. O trabalho é desenvolvido em contato próximo com os moradores
das regiões assistidas. “A gente não é só ‘casa’ realmente, a gente é uma
plataforma para mostrar que eles (moradores das regiões) têm direitos e eles
podem crescer sozinhos também”, disse a voluntária Ana Flávia Farias.
Para a voluntária
Natasha Martin Lau Letta, estudante de Direito que atua junto à Teto desde
julho desse ano, o trabalho na organização terá influências sobre sua
trajetória profissional. “Eu penso em ser juíza ou defensora pública, não tenho
certeza ainda, mas eu tenho certeza o que eu estou fazendo hoje vai me tornar
uma pessoa mais consciente, porque, se eu tiver que decidir sobre a vida de
alguém no futuro, eu não vou pensar de uma forma elitista ou de uma forma
segregacionista. Eu vou pensar no todo, no que que aquela decisão pode gerar
para um todo”.
De acordo com a
estudante, a prática do voluntariado significa “doar o tempo que eu tenho em
prol de fazer o bem pra outras pessoas”. “A força que me move é saber que vão
ter pessoas que vão dormir com um teto mais digno e vão dormir melhor“, disse.
Natasha quer que as pessoas assistidas pela Teto tenham as mesmas oportunidades
que ela teve ao longo de sua vida.
Estrangeiros também
fazem a diferença no Brasileiro
A voluntária das
Nações Unidas, Michelle Elsaesser, também participou do evento, informando o
público a respeito das possibilidades de trabalho voluntário nas agências da
ONU. Michelle é alemã e é uma das únicas voluntárias estrangeiras que atua no
Brasil pelas Nações Unidas.
Depois de trabalhar
como voluntária em outras instituições, no interior do Rio Grande do Sul, onde
se envolveu com catadores de lixo e com centros educacionais das periferias,
Michelle conseguiu uma vaga no Centro Rio+ de Desenvolvimento Sustentável,
escritório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)
localizado no Rio de Janeiro.
Lá, a voluntária
tem desenvolvido uma plataforma de conscientização a respeito dos novos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, recém-adotados pelos Estados-membros
da ONU. O portal será voltado para os mais jovens e deverá ser lançado em
meados de dezembro, antes da Conferência Nacional da Juventude. Para Michelle,
o voluntariado permitiu trocas culturais importantes entre ela e o público
brasileiro.
Outra estrangeira
que atua na capital fluminense é Federica Polazzi, jovem italiana que estuda no
Brasil e se dedica à organização Favela Verde. A entidade desenvolve atividades
de conscientização ambiental na comunidade da Rocinha, em especial, nos trechos
onde as moradias se aproximam ao limite do Parque Nacional da Tijuca. Na
organização, brasileiros e estrangeiros, vindos da França, da Itália e da
Espanha, se articulam para evitar o desmatamento, ao mesmo tempo em que buscam
soluções para problemas vividos pelos moradores.
Federica disse que
aprendeu muito desde que começou a trabalhar na Rocinha, onde “o espírito
comunitário é muito forte”. Para a italiana, ser voluntária significa “fazer as
coisas com amor, como se estivesse trabalhando”. “No mundo em que estamos,
sobretudo no último mês, no mundo internacional, assim tiveram muitos problemas
ambientais e de terrorismo, a gente que temos que mudar essa nossa visão
individual, de egoísmo, de só querer ganhar dinheiro para a gente. E (ser)
voluntária, pra mim, é uma boa maneira de começar um caminho diferente, para se
dar conta de outras realidades”, afirmou.
UNIC Rio / Pedro Andrade
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