O responsável pela Associação de Imigrantes dos Açores (AIPA) defendeu,
em Angra do Heroísmo, a criação de um sistema de quotas para a representação
política dos imigrantes.
Paulo Mendes,
presidente da direção da AIPA, que promoveu hoje a Conferência "Racismo,
Integração e Mobilidade", disse à Lusa existir "ainda
invisibilidade" e "sub-representação" das comunidades
imigrantes.
"Não há uma
tensão na representatividade dos imigrantes e seus descendentes, o que quer
dizer que há algum sistema que está a falhar", referiu, defendendo ser
necessário ultrapassar a "fase da sensibilização".
"Se não está a
funcionar essa sensibilização, temos de colocar em cima da mesa a questão das
quotas dos imigrantes e seus descendentes na esfera da participação
política", reforçou.
Para o porta-voz
dos imigrantes açorianos, trata-se de uma preocupação agravada pela
"ideologia anti-imigração" provocada pela crise económica.
"Hoje, no
contexto de crise económica que vivemos, há um caminho muito fértil para
situações de discriminações e a produção de um discurso e ideologia
anti-imigração que devemos fazer todos os esforços para contrariar",
alertou.
Paulo Mendes deu
como exemplos "opções políticas" em Inglaterra que "deviam
envergonhar", com "recentes gratificações às forças policiais para
deportar imigrantes", ou na Suíça, com "aprovação de leis
anti-imigração" e ainda em vários pontos da Europa, através de
"centros de detenção que tratam os migrantes como criminosos".
Em resposta, o
secretário de Estado adjunto do ministro-Adjunto e do Desenvolvimento Regional,
Pedro Lomba, presente na conferência, referiu rejeitar a proposta das quotas
para "evitar uma politização" da matéria.
"Temos evitado
a politização excessiva, contraproducente, do tema das migrações", referiu
Pedro Lomba, justificando que a sua representatividade "tem de ser, pelo
contrário, incorporada na agenda mais geral de responsáveis e partidos
políticos".
Na conferência que
assinala, hoje, o Dia Internacional da Luta pela Eliminação da Discriminação
Racial, o presidente da AIPA referiu registar-se, desde 2008, uma
"objetiva diminuição" de imigrantes no arquipélago devido à
"crise no mercado tradicional".
Atualmente,
informou, existem cerca de 3.500 imigrantes na região, oriundos de 80 países,
sobretudo do Brasil e Cabo Verde, que representam 1,35% dos residentes nas
ilhas, quando, a nível nacional, os imigrantes são meio milhão, ou seja, 5% da
população residente em Portugal e 12% da população ativa.
Açoriano Oriental
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