Dois agentes comunitários da UBS Sé têm
mais do que um sotaque diferente. Eles são naturais do Congo, na África, e têm
a tarefa de convencer os estrangeiros que chegam na Casa do Migrante, no
Glicério, na região central, a utilizar o sistema público de saúde. Para
cumprir a missão, a dupla venceu a barreira da língua e domina sete idiomas:
quatro línguas e dialetos do Congo, mais o francês, o inglês e o
português.
“Os imigrantes que chegam em São Paulo
são muito reservados. Para criar um vínculo com eles é necessária muita
persistência e eles têm de sentir confiança em nós. Por isso dominar a língua é
essencial”, afirmou Caddy Daikanua Batufunda, um dos agentes de saúde.
O caso mais complicado dos dois foi o
de convencer um africano com Aids, recém-chegado ao Brasil, a buscar tratamento
médico. Durante seis semanas, Kanga Moke Jean foi diariamente à Casa do
Migrante na tentativa de levar o homem ao médico. “Ele tinha dois medos: o de
que outras pessoas descobrissem (a doença) e a de ter de pagar pelo
tratamento”, disse o agente de saúde, que comemora o feito de ter convencido o
africano a buscar ajuda. “Já faz seis meses que ele está se tratando. Ele já
até saiu da Casa do Migrante, alugou uma casa e está trabalhando.”
Sem pagar/ Acostumados com o sistema de
saúde no qual precisam pagar por qualquer tipo de serviço, os imigrantes
desconfiam das ofertas nas quais não têm de desembolsar nenhuma quantia. “Lá
fora uma pessoa só passa no médico se chegar com o dinheiro no bolso. Não que
aqui seja de graça, porque as pessoas pagam em impostos, mas eles usam o
serviço sem pagar na hora”, comentou Caddy, que mencionou o caso de uma grávida
atendida na semana passada.
“Ela não tinha feito o pré-natal e,
como estava sentindo dores, permitiu que eu a ajudasse. No fim ela me perguntou
quanto teria de pagar. Eu disse que não teria de pagar nada e ela não
acreditava”, contou, satisfeito.
Casa do Migrante é o ponto de chegada
de uma viagem longa
A Casa do Migrante, mantida pelos
padres da Igreja Nossa Senhora da Paz, no Glicério, Centro, é destino certo de
imigrantes de diversas nacionalidades que chegam ao país em busca de melhores
condições de vida. Os haitianos que entram no Brasil através do Acre e do
Amazonas são maioria na casa, que também tem número significativo de africanos
e de bolivianos.
Uma equipe de 13 funcionários e dez
voluntários são os responsáveis pelo atendimento das cem pessoas que o local
tem capacidade para atender. Na casa, os estrangeiros têm alimentação,
alojamento, vestuário e acesso aos serviços básicos de saúde. Também há uma
força tarefa para auxiliar os imigrantes a encontrar uma colocação profissional
durante os três meses que podem ficar instalados ali.
Línguas dos agentes comunitários
Quatro línguas do Congo (ishiluba,
alur, jokot, jonam)
Inglês
Francês
Português
Diario São Paulo
Mistic Eyindiiiii!!!
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