sexta-feira, 21 de março de 2014

Fifa debate melhores condições para trabalhadores imigrantes no Catar

Entidade conduz debate na Suíça, às vésperas da reunião do seu Comitê Executivo, e diz que incluiu Anistia Internacional e ONU nas conversas

Nesta terça-feira, na Suíça, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, abriu uma reunião com sindicatos nacionais liderados pelo secretário-geral da Federação Internacional de Trabalhadores da Construção Civil (Building and Wood Workers International, BWI), Ambet Youson, e pelo presidente da associação, Per Olof Sjöö. A reunião teve como tema as condições para os trabalhadores imigrantes envolvidos com as obras para a Copa do Mundo do Catar, em 2022, e foi mediada pelo membro do Comitê Executivo da Fifa, Theo Zwanziger, designado por Blatter para coordenar todas as conversas sobre o tema.
A entidade reforça o pedido para que o tema seja apreciado por todas as partes envolvidas, incluindo sindicatos como a BWI, para debater soluções. Em texto oficial, a entidade afirma que, no encontro, discutiu com a BWI o progresso feito em relação às condições e aos direitos dos trabalhadores imigrantes no Catar como parte do diálogo da entidade com diversas organizações - incluindo direitos humanos e dos trabalhadores, e membros da comunidade internacional do futebol.
Joseph Blatter e Jérôme Valcke durante reunião da Fifa (Foto: Site Oficial FIFA)
Um relatório contendo os desfechos das discussões lideradas por Zwanziger nos últimos meses será apresentada durante a reunião do Comitê Executivo da Fifa, nesta semana. As reuniões incluíram várias organizações como a  Confederação Sindical Internacional (International Trade Union Confederation, ou ITUC), e instituições políticas como o parlamento europeu, além de entidades civis como a Anistia Internacional e do corpo da ONU responsável por questões relacionadas aos direitos do trabalhador.
- Foi uma reunião construtiva com a BWI. Para a Fifa, é importante ouvir todas as organizações relevantes para buscar soluções viáveis e apropriadas. Eu penso que vamos concordar que a situação dos trabalhadores imigrantes é uma questão complexa e nós não podemos esperar que as coisas mudem da noite para o dia, mas precisamos trabalhar juntos em uma aproximação intensiva para apoiar o trabalho feito atualmente de forma competente pelas autoridades no Catar - disse Zwanziger, que continuará conduzindo o debate sobre a questão, com foco em atribuir responsabilidades às diferentes partes envolvidas neste processo.
No dia 18 de fevereiro, o jornal inglês "The Guardian" publicou reportagem apontando que a embaixada da Índia em Doha, capital do Catar, confirmou 502 trabalhadores indianos mortos no país nos últimos dois anos. As causas dos óbitos não foram detalhadas, mas segundo a publicação, o número cresceu justamente com o aumento das obras de infraestrutura para a Copa do Mundo de 2022. Ainda de acordo com o periódico inglês, outros 382 trabalhadores nepaleses também morreram no Catar nos últimos dois anos, sendo que dois terços dos óbitos foram em acidentes de trabalho ou por conta de parada cardíaca.

- Uma morte no Catar ou em qualquer outro lugar é pesada para os trabalhadores, para os familiares e também para o governo do Catar, que acolhe estes imigrantes no nosso país para realizarem um trabalho valioso. Estamos trabalhando para entender as causas destas mortes. Estas estatísticas podem incluir uma série de circunstâncias como causas naturais, acidentes rodoviários e também um pequeno número de acidentes de trabalho - justificou o Ministério do Trabalho do Catar em comunicado enviado ao "The Guardian"


Globo

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