Fazer do ser humano uma
mercadoria, explorar vidas por dinheiro, transformar sonhos em pesadelos. É
isso o que faz aquela pessoa, tantas vezes simpática, que te oferece o
paraíso fora do Brasil, mas te escraviza, te obriga a se prostituir e, enfim,
te priva de seu bem mais precioso: a liberdade.
Um bem que há quem ache
valer a pena ser vendido a troco de alguns dólares – já foi muito estudado o
estranho amor do prisioneiro pelo algoz – mas só é possível haver verdade fora
da caverna, diria Platão. E só livre o ser humano é capaz de ter conhecimento
de múltiplas realidades para que possa escolher.
Para que cada vez mais
pessoas tenham direito à escolha, sejam senhoras de suas próprias existências,
é que o Brasil, através do Escritório das Nações unidas contra Drogas e Crimes
(UNODC), decidiu unir esforços a outros países do mundo integrando-se à
Campanha Coração Azul da ONU Contra o Tráfico Internacional de Pessoas. Na
segunda-feira, 21 de Outubro de 2013, ocorreu o lançamento oficial do Comitê
Rio da campanha.
Dentre os que compuseram
a mesa de honra estavam: o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo; o
Secretário Nacional de Justiça e presidente da Comissão de Anistia, Paulo
Abrão;.a novelista Glória Perez (que abordou o tema em sua mais recente novela
“Salve Jorge”); Marília Guimarães, presidente do Comitê Social da campanha; e o
padre Josafá Carlos de Siqueira, reitor da Pontifícia Universidade Católica do
RJ (PUC-RJ), onde ocorreu o evento.
O ministro da Justiça,
que foi professor de Direito, falou, em sua explanação, sobre a relação
ensino-aprendizagem, avaliando que os mestres aprendem muito. E foi numa sala
de aula que ele contou ter aprendido com um aluno o que é um crime perfeito: é
aquele que nunca ninguém toma sequer conhecimento da existência dele. Assim é,
segundo José Eduardo Cardozo, o tráfico de pessoas.
Para mudar este quadro,
todos os que estavam naquele auditório da PUC se disseram comprometidos em
levar às escolas e a todas as entidades da sociedade civil uma vasta campanha
de esclarecimento, incluindo livretos explicativos (um deles tem o formato de
passaporte e oferece diversas dicas para se viajar com segurança). A Campanha
tem um site: http://coracaoazul.com.br/site/conheca-a-campanha-brasileira/
O Brasil foi o país de
maior e mais longa escravidão urbana, mas não porque aquela escravidão era um
crime perfeito. Ela era conhecida e consentida pela sociedade da época. Hoje, o
Brasil que quer se tornar potência precisa atentar para a crueldade do
tráfico de pessoas e formar agentes multiplicadores de informação. Só assim,
sob a luz de fora da caverna, é que esse crime deixará de ser perfeito.
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