As receitas da exportação de
mão-de-obra, ou seja, as remessas dos imigrantes, têm cada vez mais importância
para os países em desenvolvimento.
O total de remessas dos imigrantes enviadas para os países de origem
superam o PIB conjunto da Áustria, Holanda e África do Sul. O valor total do
dinheiro enviado pelos imigrantes para os seus países em 2013 foi superior a
400 bilhões de dólares e, segundo as previsões, irá crescer anualmente em 10%.
Mas, para os países desenvolvidos, a imigração está se transformando num
problema: acontece que o dinheiro ganho por estes trabalhadores não entra na
economia do país de acolhimento, saindo para o estrangeiro. Para além disso, a
imigração faz crescer o descontentamento da população local e aumentar a tensão
social. O problema deverá, dizem os especialistas, ser resolvido pelos
políticos.
A imigração para a Europa, naturalmente, não é um fenômeno novo. Mas só
nos últimos anos é que se tornou verdadeiramente um problema grave.
As capitais europeias mais não fizeram que aumentar esta dor de cabeça
ao entrar em guerra na Líbia e, depois, "lançar lenha" na fogueira da
Primavera Árabe, ao apoiar os rebeldes na Síria.
Enquanto os políticos pensam o que fazer, os cidadãos europeus exprimem
o seu descontentamento por meios cada vez mais radicais.
A tensão entre a população local e os imigrantes tem vindo a crescer,
podendo a qualquer momento se transformar em conflito aberto.
Mas será que os países desenvolvidos precisam de imigrantes? Não será
mais fácil simplesmente fechar as fronteiras? A verdade é que, no mundo atual,
a imigração se tornou um processo natural e necessário, como sublinha o
cientista político Dmitri Oreshkin:
"Existe um axioma econômico simples: não houve e não há no mundo
nenhum caso de crescimento econômico sem crescimento do mercado de trabalho.
Teoricamente, podemos supor que a economia de um país cresça apenas à custa do
aumento da produtividade do trabalho. Só que, na prática, isso nunca foi
registrado. O aumento do número de trabalhadores é feito de forma diferente: na
China, à custa do crescimento demográfico; nos países desenvolvidos, à custa da
imigração."
Desta forma, a Europa Ocidental e a Rússia (onde os imigrantes também se
tornam um problema cada vez maior) hoje estão perante a escolha: ou tomar
medidas drásticas para evitar a emigração ou crescer economicamente.
Obviamente que ninguém recusará o crescimento. No entanto, haverá que
pôr alguma ordem no afluxo de imigrantes. Este é um trabalho difícil e que
deverá ser feito em muitas áreas. Uma das soluções é não "deitar
abaixo" mas sim apoiar a economia daqueles países de onde parte o maior
afluxo de imigrantes, considera o presidente da organização
"Desenvolvimento em Movimento", Yuri Krupnov.
"É importante desenvolver a economia dos países que hoje se
encontram em depressão ou com a vida econômica destruída e onde, por outro
lado, a natalidade vai aumentando. Sem prestar apoio a estes países, será
difícil travar ou regular a imigração. Para além da economia, existe um outro
problema muito difícil de resolver que é o extremismo, o terrorismo, o tráfico
de droga. Não vale a pena fechar as fronteiras, criar novas "cortinas de
ferro", já que os países desenvolvidos acabarão por sofrer futuramente do mesmo,
só que numa versão ainda pior. Por isso, a questão de desenvolver os países dos
imigrantes é principalmente uma questão da nossa segurança nacional."
Esta abordagem é partilhada por alguns políticos europeus. O ministro
das Relações Exteriores da Bélgica declarou que está na hora de aprovar um
programa que permita a melhoria das condições de vida nas regiões de onde as
pessoas emigram.
Na ONU, a política de imigração da
Europa foi muito criticada, tendo sido sublinhado que o problema da imigração
ilegal não pode ser resolvido exclusivamente por métodos repressivos.
As multas são necessárias mas elas devem ser aplicadas aos empregadores
que contratam estes imigrantes e não aos próprios imigrantes ilegais. No fundo,
a legislação de imigração na Europa deve ser mudada. Isso, aliás, já está sendo
feito na Rússia: em 2015 iremos ter um novo Código da Imigração.
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