quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Imigração: "cortina de ferro" não é solução

As receitas da exportação de mão-de-obra, ou seja, as remessas dos imigrantes, têm cada vez mais importância para os países em desenvolvimento.
O total de remessas dos imigrantes enviadas para os países de origem superam o PIB conjunto da Áustria, Holanda e África do Sul. O valor total do dinheiro enviado pelos imigrantes para os seus países em 2013 foi superior a 400 bilhões de dólares e, segundo as previsões, irá crescer anualmente em 10%.
Mas, para os países desenvolvidos, a imigração está se transformando num problema: acontece que o dinheiro ganho por estes trabalhadores não entra na economia do país de acolhimento, saindo para o estrangeiro. Para além disso, a imigração faz crescer o descontentamento da população local e aumentar a tensão social. O problema deverá, dizem os especialistas, ser resolvido pelos políticos.
A imigração para a Europa, naturalmente, não é um fenômeno novo. Mas só nos últimos anos é que se tornou verdadeiramente um problema grave.
As capitais europeias mais não fizeram que aumentar esta dor de cabeça ao entrar em guerra na Líbia e, depois, "lançar lenha" na fogueira da Primavera Árabe, ao apoiar os rebeldes na Síria.
Enquanto os políticos pensam o que fazer, os cidadãos europeus exprimem o seu descontentamento por meios cada vez mais radicais.
A tensão entre a população local e os imigrantes tem vindo a crescer, podendo a qualquer momento se transformar em conflito aberto.
Mas será que os países desenvolvidos precisam de imigrantes? Não será mais fácil simplesmente fechar as fronteiras? A verdade é que, no mundo atual, a imigração se tornou um processo natural e necessário, como sublinha o cientista político Dmitri Oreshkin:
"Existe um axioma econômico simples: não houve e não há no mundo nenhum caso de crescimento econômico sem crescimento do mercado de trabalho. Teoricamente, podemos supor que a economia de um país cresça apenas à custa do aumento da produtividade do trabalho. Só que, na prática, isso nunca foi registrado. O aumento do número de trabalhadores é feito de forma diferente: na China, à custa do crescimento demográfico; nos países desenvolvidos, à custa da imigração."
Desta forma, a Europa Ocidental e a Rússia (onde os imigrantes também se tornam um problema cada vez maior) hoje estão perante a escolha: ou tomar medidas drásticas para evitar a emigração ou crescer economicamente.
Obviamente que ninguém recusará o crescimento. No entanto, haverá que pôr alguma ordem no afluxo de imigrantes. Este é um trabalho difícil e que deverá ser feito em muitas áreas. Uma das soluções é não "deitar abaixo" mas sim apoiar a economia daqueles países de onde parte o maior afluxo de imigrantes, considera o presidente da organização "Desenvolvimento em Movimento", Yuri Krupnov.
"É importante desenvolver a economia dos países que hoje se encontram em depressão ou com a vida econômica destruída e onde, por outro lado, a natalidade vai aumentando. Sem prestar apoio a estes países, será difícil travar ou regular a imigração. Para além da economia, existe um outro problema muito difícil de resolver que é o extremismo, o terrorismo, o tráfico de droga. Não vale a pena fechar as fronteiras, criar novas "cortinas de ferro", já que os países desenvolvidos acabarão por sofrer futuramente do mesmo, só que numa versão ainda pior. Por isso, a questão de desenvolver os países dos imigrantes é principalmente uma questão da nossa segurança nacional."
Esta abordagem é partilhada por alguns políticos europeus. O ministro das Relações Exteriores da Bélgica declarou que está na hora de aprovar um programa que permita a melhoria das condições de vida nas regiões de onde as pessoas emigram.
Na ONU, a política de imigração da Europa foi muito criticada, tendo sido sublinhado que o problema da imigração ilegal não pode ser resolvido exclusivamente por métodos repressivos.
As multas são necessárias mas elas devem ser aplicadas aos empregadores que contratam estes imigrantes e não aos próprios imigrantes ilegais. No fundo, a legislação de imigração na Europa deve ser mudada. Isso, aliás, já está sendo feito na Rússia: em 2015 iremos ter um novo Código da Imigração.

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