Anualmente milhares de pessoas – muitas delas fugindo de conflitos na
África e no Oriente Médio – arriscam suas vidas cruzando o Deserto do Saara e o
Mar Mediterrâneo em veículos e barcos precários para chegar à Europa.
Organizações não-governamentais estimam que aproximadamente 20 mil
pessoas podem ter morrido tentando chegar à Europa nas últimas duas décadas.
Para ter um diagnóstico mais preciso do problema, a Frontex (agência
europeia de fronteiras) e o Centro Internacional para Desenvolvimento de
Políticas Migratórias produziram uma série de mapas que identificam as maiores
rotas centros de concentração usados pelos migrantes na região.
O caso mais recente de tragédia envolvendo imigrantes veio a público
nesta segunda-feira. Cerca de 35 imigrantes teriam morrido de sede ao tentar
cruzar o Deserto do Saara, do Niger em direção ao norte da África.
Segundo autoridades do país, eles tentavam chegar a um porto no
Mediterrâneo para tentar a travessia por mar em direção à Europa.
As vítimas estavam em um comboio que tentou cruzar o deserto com 60
pessoas há duas semanas. Um dos dois caminhões usados no transporte quebrou. Os
sobreviventes só conseguiram sair do deserto nesta segunda-feira.
Assunto antigo
Itália substitui Espanha como principal destino de imigrantes vindos da
África
A maior parte dos migrantes que cruzam o Mediterrâneo a partir da Líbia
e da Tunísia são originários da Eritrea e da Somália. Contudo, a guerra civil
na Síria está elevando o número de sírios que também usam essa rota.
Em 11 de outubro, mais de 30 pessoas morreram quando uma embarcação com
250 imigrantes afundou na costa de Malta.
Na ocasião, o premiê de Malta alertou que o Mediterrâneo corria o risco
de se tornar um "cemitério de imigrantes desesperados". A ONU diz que
cerca de 32 mil pessoas chegaram em Malta e na Itália só neste ano.
Há duas semanas, mais de 200 imigrantes também chegaram na Sicília após
serem resgatados pela guarda costeira italiana e um navio mercante perto da
Ilha italiana de Lampedusa.
No entanto, Adrian Edwards, da Acnur, a agência da ONU para refugiados,
lembra que o “fenômeno das pessoas que viajam em pequenos barcos no
Mediterrâneo para a Europa é antigo e envolve questões como asilo e
migração".
"As vítimas do último barco que naufragou perto de Lampedusa era
composto por uma maioria de eritreus, muitos dos quais precisam de proteção
internacional", disse ele.
Líbia
A Líbia se tornou um ponto de partida importante para muitas viagens.
Traficantes de pessoas exploram o crescente vácuo de autoridade no país para
operar.
A relativamente pequena distância entre a Líbia e a ilha italiana de
Lampedusa encoraja mais pessoas a se arriscarem na jornada.
O número de usuários das várias rotas ao longo do Mediterrâneo tem fluxo
e refluxo.
De 2008 a 2012, um grande número de migrantes cruzou o mar entre a
Turquia e a Grécia pela chamada Rota do Mediterrâneo do Leste, segundo a
Frontex. Para fazer frente a isso, a Grécia reforçou seus controles de
fronteira com mais 1,8 mil policiais.
Mas a Frontex diz que a área continua problemática e aponta para
"incertezas relacionadas à insustentabilidade dos esforços (gregos) e
evidências de que os imigrantes aguardam na Turquia pelo fim da operação".
Na última década, a rota que passa pelo centro do Mediterrâneo tem
experimentado picos periódicos no tráfego de imigrantes.
Dados da Acnur sugerem que cerca de 25 mil pessoas chegaram na Itália a
partir do norte da África em 2005. Esse número diminuiu para cerca de 9,5 mil
em 2009.
Porém em 2011 esse número voltou a crescer atingindo a marca de 61
imigrantes. A alta foi motivada pelo conflito da Líbia, que culminou com a
queda do coronel Muammar Khadafi.
No começo da década, a rota mais popular entre imigrantes ilegais era
entre o oeste africano e a Espanha. Ela incluía territórios espanhóis no norte
da África como Ceuta e Melilla e as Ilhas Canárias.
Aproximadamente 32 mil imigrantes teriam usado esse caminho em 2006,
porém o número caiu para cerca de 5,4mil em 2011.
BBCBRASIL
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