Bom dia aos meus
colegas de mesa, Dom Tomás Balduino, Érika Pires, Pe. José Oscar Beozzo, Prof.
Paulo Artaxo, bom dia a todas e todos presentes.
Quero registrar
nossos agradecimentos aos parceiros que, junto com o SPM, viabilizaram a
realização desse seminário. Agradeço ao CEM – Centro de Estudos Migratórios, ao
CSEM – Centro Scalabriniano de Estudos Migratórios pelo fundamental apoio na
organização e realização do evento, ao ITESP – Instituto Teológico de São Paulo
e ao Cetesp – Comissão de Estudantes de Teologia e Ciências da Religião por nos
acolher, mais uma vez, no debate sobre questões e temas relevantes para a
compreensão e transformação da história e realidade social que vivemos.
Queremos agradecer também à Fundação Rosa Luxemburg que tem nos apoiado e tem
se tornado referência no apoio às organizações populares que lutam pela democracia
e pela cidadania ativa. Quero agradecer a todos vocês por sua importante
presença e quero convidá-los a participar do debate com questões e reflexões,
que, certamente, contribuirão para enriquecer ainda mais a nossa compreensão e
intervenção sobre o tema que vamos debater.
No ano passado,
aqui nesse mesmo auditório realizamos o Seminário Grandes Obras e Migrações.
Foi um seminário a quatro vozes que contou com a participação de representantes
da Igreja, das Universidades, do Movimento Social através do MAB – Movimento
dos Atingidos por Barragens, e, do Governo através do Ministério do Meio
Ambiente. O seminário foi muito importante e nos ajudou a mapear a extensão das
grandes obras no Brasil, o seu significado político, sua íntima conexão com a
expansão do capitalismo e suas consequências sociais para as populações
atingidas, migrantes, indígenas, camponeses, quilombolas, trabalhadores urbanos
através da expropriação dos seus meios de produção e de vida, e, da violação de
seus direitos.
O seminário deste
ano, ao focalizar as mudanças ambientais e as migrações, de algum modo, dá
continuidade ao debate do ano passado. “Mudanças
ambientais e migrações. O que é fato e o que é alarde?”. Trata-se de um
questionamento da maior importância não apenas para compreendermos o momento
histórico em que vivemos, com seus fatos precursores e os seus desdobramentos,
mas, também para orientarmos nossas ações na construção de outro paradigma
civilizatório comprometido com o equilíbrio da vida social e ambiental no
planeta.
Atualmente as mudanças
ambientais têm alterado significativamente o equilíbrio ecológico do mundo e as
condições de vida de milhares de pessoas. Provocam migrações forçadas em âmbito
nacional e internacional. É claro que essas mudanças não são provocadas apenas
por fenômenos naturais. Suas principais causas são associadas ao padrão de
consumo e ao modelo de desenvolvimento capitalista.
Aqui, podemos
fazer uma relação entre as mudanças ambientais e a expansão do agronegócio, e,
a realização de grandes obras que provocam superaquecimento, destruição de
biomas, redução da biodiversidade, secas, inundações, escassez de água potável,
riscos à produção de alimentos, que se tornaram problemas cruciais para a
humanidade e, sobretudo, para os grupos sociais diretamente atingidos. Essas
transformações impactam também o mundo urbano, onde as maiorias empobrecidas,
segregadas nas periferias, lutam pelo direito à cidade.
Várias pesquisas têm sido feitas por
instituições sociais e jurídicas internacionais, como a ONU, a OCDE, e apontam
que somente em 2009, os problemas ambientais foram responsáveis pela migração
de cerca de 50 milhões de pessoas em todo o mundo. Em 2050, esses
desequilíbrios poderão atingir entre 250 milhões a um bilhão de pessoas, se
medidas políticas e sociais urgentes não forem adotadas.
A relação entre grandes obras,
agronegócio, modelo de desenvolvimento e mudanças ambientais geram polêmicas, explicitam divergências entre governos,
setores das Universidades, movimentos sociais e Igrejas, que alertam para os
impactos ambientais e sociais decorrentes, como destruição de floras, faunas,
escassez de água potável, deslocamentos populacionais compulsórios e violações
de direitos humanos.
Estes são alguns desafios
históricos que a gente precisa considerar para pensar e colocar em prática
ações políticas, sociais e culturais que nos permitam construir um novo
paradigma civilizatório e modelo de desenvolvimento coerentes com o equilíbrio
ambiental, a justiça social, e, a cidadania ativa. Então, considerando estes
desafios, a importância e o objetivo deste seminário é pensar criticamente
sobre o atual momento histórico, buscar saídas e alternativas concretas, como o
Bem Viver, para esses problemas à luz da reflexão “sociológica” e da
experiência de vida concreta dos oprimidos e excluídos.
Desejo a todos um
debate fértil e empenho civil na construção do Bem Viver.
ELIZETE SANTANNA
Vicepresidenta Serviço
Pastoral do Migrante
Pastoral do Migrante
Curitiba
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