ACOLHIDA E ASSISTÊNCIA
O gesto de acolher é salvífico e ajuda a curar muitas dores,
feridas, traumas..Motiva e capacita o migrante para seguir seu caminho e
recomeçar sua vida.
Nesta dimensão a pastoral escuta, a necessidade e a historia
do migrante para entender, valorizar e
responder à necessidade emergente , e para esse momento temos um grupo de
profissionais (Assistentes sociais, Psicólogo, Advogado, Sacerdotes, Assessores
jurídicos e sociais, Visitadores de famílias, Médicos ...) Neste sentido temos
um programa de mediação com vários profissionais que acompanham os migrantes no
que se refere aos temas da saúde, educação, trabalho e família. Ao mesmo tempo
juntos com esta equipe temos um trabalho de conscientização e formação aos
profissionais de um tratamento humanizado e buscamos incidir politicamente para
que haja políticas públicas de inserção e leis de migrações que respeite os
direitos humanos universais.
As necessidades são
de todo o tipo: físicas, jurídicas, espirituais, psíquicas, afetivas,
econômicas, sociais, materiais...) Este primeiro momento é indispensável e eu
diria necessário em toda a pastoral do migrante.
Para este momento temos o Centro de Pastoral do Migrante
aberto todos os dias de 2ª a 6ª feira e a Casa do Migrante com capacidade de
100 leitos para homens, mulheres e crianças. de 2ª a Domingo.
CELEBRAÇÃO DA FÉ E EVANGELIZAÇÃO (Priorizando a Comunidade)
Nesta dimensão a pastoral do migrante junto com seus agentes
comunitários possibilita espaços de celebração da vida com os sacramentos,
festas dos padroeiros (as), novenas, aniversários, benções , visitas ... É uma
das dimensões importantes de todo ser humano que deve ser alimentada para
fortalecer a fé e a esperança e a motivação na caminhada. O migrante precisa constantemente destes
momentos e espaços em sua vida. Eles
mesmo afirmam: “Em nosso caminho sempre existe um santuário e Deus sempre
caminha conosco, ao nosso lado”. A base de todo este trabalho é a Igreja N. s.
da Paz com sua estrutura, aonde está a
sede da Igreja Pessoal dos Fiéis Latino americanos, aonde o Centro de Pastoral
dos migrantes é o coração da mesma.
Neste sentido procuramos trabalhar em comunhão com a Igreja
local e de forma ecumênica e no diálogo inter-religioso. Nas celebrações se
valoriza muito toda a simbologia própria de cada cultura e a religiosidade
popular de cada povo. Temos também momentos de formação e de catequese para
jovens, crianças e adultos e momentos fortes de oração com os retiros. Celebramos nos vários espaços do cotidiano da
vida (Igrejas, casas, campos, clubes, associações, centros culturais, ao ar
livre...). Para todo este trabalho temos um grupo de leigos (as) de várias
nacionalidades constituem o Conselho Pastoral.
CULTURAL E INTER-CULTURAL (Priorizando a Sociedade)
Eu diria que são duas faces de uma mesma moeda: a identidade
como base da inter-relação e da integração verdadeira. Entendemos que a
identidade é sempre dinâmica.
Nesta dimensão temos um grande respeito pela identidade
cultural de cada povo e cultura e portanto possibilitamos espaços para festas e
encontros de cada País pois cada bandeira é única e deve ser respeitada na sua
originalidade e na sua verdade.
Um outro momento importante nesta dimensão é o incentivo e o
favorecer tempos e espaços para a fraternidade, a solidariedade e a integração
entre os povos e culturas apontando para a cidadania universal. Só os migrantes nos ajudam a entender este
dimensão e nos enriquece a todos neste
sentido, porque entendemos que as diferenças nos enriquecem e a diversidade é a
maior riqueza da humanidade e será só na convivência com o diferente que
poderemos entender e captar esta beleza e esta grandeza própria da natureza humana,
assim como um grande jardim com suas cores, variedades e belezas próprias e
únicas, ou como um grande pomar.
A presença e ação do CEM Centro de Estudos Migratórios neste
sentido é fundamental para a memória e para o conhecimento das diferenças
culturais como riqueza para toda a sociedade. O Cem estuda, pesquisa, orienta e
trabalha em parceria com o mundo acadêmico sempre com o objetivo de entender,
guardar a memória e divulgar o mundo das migrações, mundo este que se move e
move a historia.
PARTICIPAÇÃO E COMUNHÃO NO CAMPO SOCIO-POLÍTICO.(Priorizando
a verdadeira globalização)
A verdadeira globalização só acontece quando todos
participam no mesmo objetivo: defender a vida, proteger os fracos e cuidar da
natureza. Neste sentido a pastoral procura parcerias e aliança somando forças
com todas as forças vivas e organizadas da sociedade. Dialoga com os governos e
participa com toda a sociedade civil na construção de um mundo novo possível. É
a melhor forma de incidir politicamente nas instancias de poder e de decisão
tanto na sociedade, como nos governos e nas Igrejas e essa ação deve ser nos
três níveis: local, nacional e internacional. (Devemos ter uma ação local
pensando no todo). Neste sentido os migrantes devem participar e ser
protagonistas de sua própria organização e historia. Eu acredito que o formar
redes é muito importante para fortalecer verdadeiras relações que possam
confrontar e enfrentar as organizações de violência e de morte que existem. O
capital humano e social tem muito poder para vencer e transformar as estruturas
de morte. Temos que ser um movimento de vida, junto com todos os homens e
mulheres que lutam pela justiça que é a base da paz. A migração e os migrantes
revelam esta grande possibilidade em sua resistência no caminho. Todos somos
migrantes por vocação no caminho da existência humana.
CONCLUSÃO.
Esta é uma resposta como Igreja, que pode significar muito
para os migrantes que chegam até nós e pode iluminar a realidade do mundo das
migrações e as Instâncias de poder local, nacional e internacional.
Espero que ajude de alguma maneira a todos os que estão acompanhando os
migrantes e desejo que toda a pastoral do migrante seja um espaço de vida e
proporcione momentos vitais na caminhada dos migrantes. Que a pastoral do
migrante seja uma verdadeira presença, uma casa, um poço, um caminho...para os
caminhantes.
“Senhor, que eu nunca andemos por caminhos por onde a tua
graça não pode nos acompanhar”.
Pe. Mário Geremia CS
Coordenador
Centro Pastoral do Migrante
São Paulo - Brasil
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