terça-feira, 29 de maio de 2012

DIMENSÕES DA PRESENÇA E DA AÇÃO PASTORAL JUNTO AOS MIGRANTES E REFUGIADOS NA MISSÃO PAZ


ACOLHIDA E ASSISTÊNCIA


O gesto de acolher é salvífico e ajuda a curar muitas dores, feridas, traumas..Motiva e capacita o migrante para seguir seu caminho e recomeçar sua vida.
Nesta dimensão a pastoral escuta, a necessidade e a historia do migrante  para entender, valorizar e responder à necessidade emergente , e para esse momento temos um grupo de profissionais (Assistentes sociais, Psicólogo, Advogado, Sacerdotes, Assessores jurídicos e sociais, Visitadores de famílias, Médicos ...) Neste sentido temos um programa de mediação com vários profissionais que acompanham os migrantes no que se refere aos temas da saúde, educação, trabalho e família. Ao mesmo tempo juntos com esta equipe temos um trabalho de conscientização e formação aos profissionais de um tratamento humanizado e buscamos incidir politicamente para que haja políticas públicas de inserção e leis de migrações que respeite os direitos humanos universais.
As  necessidades são de todo o tipo: físicas, jurídicas, espirituais, psíquicas, afetivas, econômicas, sociais, materiais...) Este primeiro momento é indispensável e eu diria necessário em toda a pastoral do migrante.
Para este momento temos o Centro de Pastoral do Migrante aberto todos os dias de 2ª a 6ª feira e a Casa do Migrante com capacidade de 100 leitos para homens, mulheres e crianças. de 2ª a Domingo.

CELEBRAÇÃO DA FÉ E EVANGELIZAÇÃO (Priorizando a Comunidade)
Nesta dimensão a pastoral do migrante junto com seus agentes comunitários possibilita espaços de celebração da vida com os sacramentos, festas dos padroeiros (as), novenas, aniversários, benções , visitas ... É uma das dimensões importantes de todo ser humano que deve ser alimentada para fortalecer a fé e a esperança e a motivação na caminhada. O  migrante precisa constantemente destes momentos e espaços em sua vida.  Eles mesmo afirmam: “Em nosso caminho sempre existe um santuário e Deus sempre caminha conosco, ao nosso lado”. A base de todo este trabalho é a Igreja N. s. da Paz  com sua estrutura, aonde está a sede da Igreja Pessoal dos Fiéis Latino americanos, aonde o Centro de Pastoral dos migrantes é o coração da mesma.
Neste sentido procuramos trabalhar em comunhão com a Igreja local e de forma ecumênica e no diálogo inter-religioso. Nas celebrações se valoriza muito toda a simbologia própria de cada cultura e a religiosidade popular de cada povo. Temos também momentos de formação e de catequese para jovens, crianças e adultos e momentos fortes de oração com os retiros.  Celebramos nos vários espaços do cotidiano da vida (Igrejas, casas, campos, clubes, associações, centros culturais, ao ar livre...). Para todo este trabalho temos um grupo de leigos (as) de várias nacionalidades constituem o Conselho Pastoral.

CULTURAL E INTER-CULTURAL (Priorizando a Sociedade)
Eu diria que são duas faces de uma mesma moeda: a identidade como base da inter-relação e da integração verdadeira. Entendemos que a identidade é sempre dinâmica.
Nesta dimensão temos um grande respeito pela identidade cultural de cada povo e cultura e portanto possibilitamos espaços para festas e encontros de cada País pois cada bandeira é única e deve ser respeitada na sua originalidade e na sua verdade.
Um outro momento importante nesta dimensão é o incentivo e o favorecer tempos e espaços para a fraternidade, a solidariedade e a integração entre os povos e culturas apontando para a cidadania universal.  Só os migrantes nos ajudam a entender este dimensão e nos enriquece a todos  neste sentido, porque entendemos que as diferenças nos enriquecem e a diversidade é a maior riqueza da humanidade e será só na convivência com o diferente que poderemos entender e captar esta beleza e esta grandeza própria da natureza humana, assim como um grande jardim com suas cores, variedades e belezas próprias e únicas, ou como um grande pomar.
A presença e ação do CEM Centro de Estudos Migratórios neste sentido é fundamental para a memória e para o conhecimento das diferenças culturais como riqueza para toda a sociedade. O Cem estuda, pesquisa, orienta e trabalha em parceria com o mundo acadêmico sempre com o objetivo de entender, guardar a memória e divulgar o mundo das migrações, mundo este que se move e move a historia.

PARTICIPAÇÃO E COMUNHÃO NO CAMPO SOCIO-POLÍTICO.(Priorizando a verdadeira globalização)
A verdadeira globalização só acontece quando todos participam no mesmo objetivo: defender a vida, proteger os fracos e cuidar da natureza. Neste sentido a pastoral procura parcerias e aliança somando forças com todas as forças vivas e organizadas da sociedade. Dialoga com os governos e participa com toda a sociedade civil na construção de um mundo novo possível. É a melhor forma de incidir politicamente nas instancias de poder e de decisão tanto na sociedade, como nos governos e nas Igrejas e essa ação deve ser nos três níveis: local, nacional e internacional. (Devemos ter uma ação local pensando no todo). Neste sentido os migrantes devem participar e ser protagonistas de sua própria organização e historia. Eu acredito que o formar redes é muito importante para fortalecer verdadeiras relações que possam confrontar e enfrentar as organizações de violência e de morte que existem. O capital humano e social tem muito poder para vencer e transformar as estruturas de morte. Temos que ser um movimento de vida, junto com todos os homens e mulheres que lutam pela justiça que é a base da paz. A migração e os migrantes revelam esta grande possibilidade em sua resistência no caminho. Todos somos migrantes por vocação no caminho da existência humana.

CONCLUSÃO.
Esta é uma resposta como Igreja, que pode significar muito para os migrantes que chegam até nós e pode iluminar a realidade do mundo das migrações e as Instâncias de poder local, nacional e internacional.
Espero que ajude de alguma maneira  a todos os que estão acompanhando os migrantes e desejo que toda a pastoral do migrante seja um espaço de vida e proporcione momentos vitais na caminhada dos migrantes. Que a pastoral do migrante seja uma verdadeira presença, uma casa, um poço, um caminho...para os caminhantes.

“Senhor, que eu nunca andemos por caminhos por onde a tua graça não pode nos acompanhar”.

Pe. Mário Geremia CS
Coordenador Centro  Pastoral do Migrante
São Paulo - Brasil





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