A entidade estima que o fluxo
de remessas cresceu 8,5% no ano passado em relação a 2010, alcançando US$ 69,3
bilhões (R$ 133,3 bilhões) e superando por pouco o montante recorde em 2008
(US$ 69,2 bilhões).
Parte disso, na
avaliação do especialista que elaborou o estudo, Manuel Orozco, se deve a
mudanças estruturais no campo das remessas, como a facilidade de realizar
operações financeiras com a internet, a redução do custo dos envios e o aumento
do número de mulheres mandando dinheiro para casa.
No ano passado, nove
países receberam 67,3% do montante enviado via remessas (a taxa era de 70% em
2008), sendo que um de cada três dólares que entrou na América Latina teve como
destino o México.
Particularmente no caso
do México, as remessas superaram o investimento estrangeiro direto (IED) no ano
passado, lembrou Manuel Orozco.
Foram US$ 22,7 bilhões
em remessas em 2011, nos cálculos do Inter-American Dialogue, contra US$ 19,4
bilhões em IED, segundo estimativas da Comissão Econômica para a América Latina
e o Caribe (CEPAL).
“Em sua maioria, os
países com laços mais próximos da economia americana experimentaram maior
crescimento do que aqueles cujas populações também migram para a Europa”,
afirmou Orozco.
O pesquisador também
afirmou que o estudo “revela que estes fluxos continuam sendo muitos
importantes para algumas economias”.
Em países como
Guatemala, Nicarágua, Honduras, El Salvador, Haiti, Jamaica e Guiana, as
remessas respondem por mais de 10% do Produto Interno Bruto (PIB).
Mudanças
Entretanto, Orozco
acredita que o crescimento das remessas não tenha ocorrido apenas pela
recuperação econômica americana. Os EUA praticamente estagnaram no início de
2011, e só no segundo semestre retomaram a dinâmica, crescendo 3% no último
trimestre.
Entretanto, a frágil
melhora não parece ter atraído mais imigrantes: ao contrário, com cerca de 400
mil deportados só no ano passado – um recorde –, os EUA hoje registram saída
líquida de imigrantes, em particular do México.
O desemprego entre
estrangeiros diminuiu em 2 pontos percentuais, mas o estudo ressalva que isto
pode ser explicado pelas deportações que reduziram a força de trabalho. “Um
aumento de 8% nas remessas não pode ser explicado por um declínio de 2 pontos
no desemprego”, avalia Orozco.
Para o especialista, a
mudança nas remessas ocorreu por outras razões, mais estruturais, como o fato
de ser mais barato e fácil enviar dinheiro hoje do que há dez anos, e muitas
mulheres estarem contribuindo com o fenômeno.
Estimativas feitas pelo
Banco Interamericano de Desenvolvimento indicam que o custo de enviar dinheiro
caiu de até 20% em 2000 para uma média de 5,5% dez anos depois.
Naquele ano, disse
Orozco em outro estudo, o uso da internet e do sistema bancário para transferir
dinheiro elevaram as quantias enviadas pelos imigrantes para seus países de
origem.
“O maior uso da
tecnologia e o acesso às ferramentas financeiras entre imigrantes (tanto em
seus países de acolhimento quanto em seus países de origem) pode ter afetado
positivamente o crescimento nas quantias de remessas”, escreve o especialista
no relatório atual.
“Estudos mostram que os
imigrantes que usam instrumentos financeiros, como transferências online
através de contas online, enviam ligeiramente maiores quantias que os que usam
dinheiro vivo.”
Quanto à participação de
mulheres nas remessas, diz, pela primeira vez, as imigrantes mulheres são tão
numerosas quanto os imigrantes homens, e suas qualificações são, inclusive, um
pouco melhores do que as dos homens. Como resultado, elas enviam, em média, 10%
mais recursos do que eles, apontou o estudo.
Fluxo intrarregional
Outro fenômeno cada vez
mais importante no cenário das remessas é o fluxo intrarregional – ou seja, de
latino-americanos residentes em outros países da região mandando dinheiro para
casa.
Orozco disse à BBC
Brasil que tal fluxo já responde por 7% do montante total.
Segundo dados coletados
pelo pesquisador, o maior fluxo de remessas provém dos 1,55 milhão de
imigrantes latino-americanos na Argentina: US$ 781 milhões em 2011.
Cerca de 1 milhão de
latino-americanos na Venezuela enviaram US$ 543 milhões a seus países de origem
no mesmo período, principalmente para a Colômbia.
Do México, 776 mil
imigrantes enviaram US$ 391 milhões e do Brasil, 736 mil destinaram US$ 371
milhões.
Do Chile, outro grande
destino para a imigrantes latino-americanos no continente, cerca de 343 mil
imigrantes enviaram US$ 173 milhões no ano passado, segundo dados do estudo.
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