Os brasileiros que vão
trabalhar no exterior como modelos, jogadores de futebol, professores de dança,
capoeiristas e cozinheiros são os mais vulneráveis a golpes de quadrilhas de
tráfico de pessoas. O Itamaraty fez um levantamento nos últimos três anos e
verificou casos em que o sonho de trabalhar em outros países virou uma
armadilha. Para alertar sobre o problema, o Ministério das Relações Exteriores
lançou nesta terça-feira (29) uma cartilha com orientações para o trabalho no
exterior destinado a esses profissionais.
Muitos deles são usados por pessoas de má-fé
com promessas de trabalho digno e bons salários. No entanto, acabam explorados
e por vezes se tornam imigrantes ilegais. Geralmente esses profissionais são
jovens entre 18 e 20 anos, a maioria de cidades pequenas do interior do Brasil,
que vão para países do Oriente Médio, Extremo Oriente e Ásia.
De acordo com a chefe do Departamento Consular
e de Brasileiros no Exterior, ministra Maria Luiza Lopes, muitos brasileiros
deixam o país sem contrato assinado. Mas, ao assinar o documento em um idioma
que não dominam, se comprometem com jornadas excessivas de trabalho, salários
baixos e altas taxas de alimentação e moradia. Para a diplomata, tais condições
caracterizam o tráfico de pessoas.
“Essas pessoas ficam à mercê do empregador e
em situação de inferioridade. O passaporte e os documentos ficam retidos com a
organização. Com isso, vai se criando uma situação que configura o tráfico de
pessoas”, disse a diplomata.
Segundo Maria Luiza Lopes, o objetivo do
governo é alertar os jovens profissionais para “evitar cair nessas armadilhas”.
Nos últimos três anos foram registados 100 casos de tráfico de pessoas com
essas características. A diplomata acredita que esse número pode ser bem maior,
pois são poucas as pessoas que entram em contato com os consulados e as
embaixadas para denunciar esse tipo de exploração.
“O levantamento que fizemos mostrou a ponta do
iceberg. Isso ocorre muito em países onde a comunidade brasileira é pequena.
Muitos não procuram o governo, conseguem resolver com a família e voltam para o
Brasil”, declarou.
A cartilha contém parte das regras dos países,
ensinando como deve ser um contrato de trabalho e como os consulados
brasileiros podem orientá-los. Ela também traz uma lista de contatos úteis que
podem ajudar esses profissionais brasileiros. O livreto será distribuído nas
redes de ensino, em clubes de futebol, entre profissionais de moda e em cidades
do interior do país.
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