Depois de dois meses
de reciprocidade no tratamento de turistas espanhóis que entram no
Brasil, o governo da Espanha finalmente concordou em negociar uma mudança nas
exigências para a entrada de brasileiros. Na próxima segunda-feira, mesmo dia
em que o rei Juan Carlos chega ao País para uma visita oficial, espanhóis e
brasileiros terão a primeira reunião. Na mesa, as principais exigências
brasileiras serão uma linha direta com o governo da Espanha para tentar
reverter decisões consideradas injustas na imigração e um relaxamento na
exigência da chamada carta-convite - um documento que os viajantes precisam
apresentar quando não ficam hospedados em hotel.
"Depois da
reciprocidade a Espanha começou a demonstrar disposição para negociar. Antes
eles não queriam ceder. Nós não tínhamos nada que eles quisessem, porque o
Brasil não fazia cobranças rígidas", explicou a ministra Luíza Lopes da
Silva, diretora do departamento de Políticas Consulares e de Brasileiros no
Exterior do Itamaraty. Em dois de abril deste ano, o Brasil começou a adotar
com os espanhóis o mesmo tipo de exigências pedidos aos brasileiros que viajam
à Europa entrando pela Espanha.
A questão da carta é
outro ponto que o Brasil quer mexer. O modelo espanhol é tão complicado que
exige até mesmo uma "prova de amizade ou parentesco" com a pessoa que
vai receber o viajante - uma foto juntos, por exemplo. Além de pedir a
simplificação do modelo, o Itamaraty quer que os espanhóis aceitem modelos de
outros países europeus quando o turista está apenas em trânsito. "Os
modelos alemães, por exemplo, são muito mais simples. Em vários casos eles
simplesmente não aceitavam, mesmo que a pessoa não fosse ficar na Espanha, e
sim na Alemanha", disse a ministra.
No Brasil, os
espanhóis barrados são embarcados de volta no primeiro voo disponível,
normalmente em questão de horas. Na Espanha, os brasileiros podem ficar até
três dias presos no aeroporto. A solução para isso, no entanto, vai depender de
uma longa discussão. "Essa é uma reciprocidade que não pretendemos
adotar", afirmou Luíza Lopes.
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