O Governo italiano decretou o “estado de emergência humanitária” por causa vaga da imigração ilegal. Nos últimos cinco dias, chegaram ao Sul do país cerca de cinco mil pessoas, a maior parte originária da Tunísia. As autoridades italianas já pediram ajuda à União Europeia para controlar a vaga de imigração do Norte de África. Este domingo, os desembarques prosseguem a um “ritmo incessante”,
O executivo de Berlusconi, reunido ontem em sessão extraordinária, decretou o “estado de emergência humanitária”, que permitirá à Proteção Civil adotar as “medidas necessárias para controlar o fenómeno e ajudar aqueles cidadãos fugidos dos países norte-africanos", refere um comunicado do Conselho de Ministros. Não foram indicadas as medidas a seguir, mas o “estado de emergência” permite evitar formalidades legais e mobilizar meios financeiros com maior rapidez.
Para controlar a costa da Tunísia “devemos mobilizar os países do Mediterrâneo que têm navios, aviões e helicópteros”, sugeriu o chefe da diplomacia italiana, Franco Frattini. O Governo italiano já pediu uma reunião do Conselho de Justiça e do Interior da União Europeia, esperando dentro de 10 dias ter uma missão de interceção e patrulha ao largo da costa tunisina.
Frattini defende a aplicação do “modelo Albânia”. Nos anos 90, quando chegaram à costa italiana 15 mil refugiados albaneses em uma semana, as autoridades “resolveram a crise enviando patrulhas aos navios em águas albanesas. O governo de Tirana aceitou a nossa ajuda e isso colocou um ponto final na migração. Quando os traficantes de clandestinos viam os navios militares a dois quilómetros da costa nem deixavam sair as suas embarcações”, descreveu.
Por outro lado, o ministro italiano do Interior teme que entre os que chegam ao território estejam tunisinos que escaparam das cadeias durante as manifestações anti-governamentais na Tunísia, bem como terroristas ou apoiantes da al-Qaeda. Este é mais um elemento apontado pelas autoridades italianas, para pedir o apoio célere da União Europeia.
“Chegaram a Lampedusa 997 pessoas desde a meia-noite”, afirmou o comandante do porto da pequena ilha italiana, localizada entre a Sicília e a Tunísia, quando mais duas embarcações se aproximavam.
Nos últimos dias chegaram mais de cinco mil pessoas, de barco, a Lampedusa, a maior parte originária da Tunísia, na sequência da vaga de contestação política. As autoridades italianas têm enviado os refugiados para centros de detenção e serão deportados aqueles que não apresentarem condições para asilo político ou garantia de contrato de trabalho.
As autoridades italianas já têm em curso uma ponte aérea para evacuar os imigrantes ilegais para a Sicília ou outras regiões a Sul de Itália. Os imigrantes vão receber ajuda “mas não poderão ficar em território italiano”, garantiu o ministro dos Negócios Estrangeiros, dizendo que o objetivo é o seu repatriamento.
A maioria são homens e rapazes, que chegam em pequenos barcos de pesca à pequena ilha italiana, que fica mais perto do Norte de África do que do restante território nacional, e está a servir de porta de entrada na Europa.
“Tornou-se impossível vivermos na Tunísia: há violência, sublevações, não sabemos que manda, o país está à deriva”, afirmou uma mulher, que pretende encontrar a sua família em França.
O mar calmo e o bom tempo estão a contribuir para a afluência daqueles que querem fugir à pressão social e incerteza económica na Tunísia. No entanto, um barco que transportava 12 pessoas naufragou. Um jovem tunisino morreu e outro está desaparecido.
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