quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

É crime ser brasileiro?

Hoje de manhã, recebi uma notícia que me deixou um tanto... revoltada! Estava lendo as atualizações dos meus amigos blogueiros quando vi o texto da Cris, autora do Notícias da Bota, sobre mais um caso de deportação de brasileiros na Espanha.


Há dois anos, uma estudante de Física da Universidade de São Paulo (USP) foi deportada em Madrid. Seu destino era Lisboa, onde iria participar de um congresso e apresentar seu projeto acadêmico. Ela conta que ficou presa com outras pessoas, entre elas outras brasileiras (uma inclusive era a mãe de uma jovem brasileira que morava legalmente na Espanha), em uma sala apertada e incômoda, sem poder recorrer a um telefonema sequer. Também diz que a Embaixada do Brasil nada fez para resolver a situação. O motivo da deportação? Ela não ter a reserva do hotel em Portugal imprimida, já que tudo fora feito online.


À época houve outros casos, também na Espanha e em menor caso Portugal, de deportação de brasileiros (brasileiras sobretudo) e eu me lembro de ter ficado muito revoltada e com medo, já que estava de partida para o Brasil via Portugal e tinha medo de que me acontecesse a mesma coisa na volta à Itália.


Mas minha grande indignação é pelo fato de termos um passaporte brasileiro e isso implicar uma série de restrições, como se representássemos um perigo de ordem social e política para a Europa. Não precisamos de visto para entrar aqui, mas em contrapartida temos que apresentar um rol de documentos e provar por A+B que somos honestos e não vamos viver na clandestinidade depois de varcar as fronteiras europeias.


Aqui na Itália nunca passei por constrangimentos. Em Amsterdã, os passaportes extra-comunitários são detidos em uma sala para a verificação, mesmo tendo visto. A primeira vez que passei pela Holanda, gelei quando levaram meu passaporte para aquela salinha. Depois de ter abordado alguns agentes policiais da alfândega, finalmente tive a explicação. Depois disso, ainda fomos revistados pelos agentes. Em Portugal não tenho do que reclamar, fui sempre bem recebida, mas algumas amigas brasileiras que estavam vindo para a Itália me disseram que foram "entrevistadas" em uma sala da polícia por quase meia hora com perguntas clássicas como "o que vai fazer na Itália?", "quanto tempo vai ficar?" etc., além da obrigatoriedade em apresentar os documentos que conformem uma estadia legal na Europa.


Será que um dia poderemos apresentar o nosso passaporte brasileiro na Europa e nos EUA sem medo e sem constrangimentos? Será que seremos tratados com respeito como outros turistas por termos cidadania brasileira? As notícias que se referem a deportação de brasileiros me deixam profundamente abatida e revoltada por ter saído do meu país, encontrando hostilidade e xenofobia da parte de um povo que sempre admiramos e que até partilhamos do mesmo sangue.

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