Quase um ano depois da chegada dos primeiros ônibus
vindos do Acre, a imigração de haitianos para São Paulo continua intensa. O
número de imigrantes abrigados hoje no principal ponto de apoio da capital, a
Missão Paz, no Glicério, supera o dobro da capacidade máxima da entidade. Com
as 110 vagas preenchidas, a instituição opera com excesso de 140 pessoas,
totalizando 240 - um aumento de 118%.
Com a superlotação, mais da metade dos haitianos dorme em
cima de cobertores em um salão improvisado, onde antes eram feitas as
negociações de trabalho entre empresários e imigrantes. Há pelo menos um mês,
têm chegado semanalmente a São Paulo seis ônibus com cerca de 30 haitianos,
informou o diretor da Missão Paz, padre Paolo Parise. Antes disso, aportavam no
máximo três ônibus por semana.
O secretário estadual de Justiça e Defesa da Cidadania,
Aloísio de Toledo César, reuniu-se com Parise nesta quinta-feira, 5, para
debater soluções para a crise na entidade. Do lado da instituição, o diretor
chamou atenção para três questões mais urgentes: pediu a criação de um ponto de
informação no terminal de ônibus da Barra Funda, por onde chegam os haitianos à
capital; a implantação de um abrigo com pelo menos 200 novas vagas para a
acolhida de imigrantes; e a emissão da carteira de trabalho no Acre, local de
entrada no País.
Parceria
Como saldo do encontro na Missão Paz, Toledo César se
comprometeu a conversar com o secretário de Direitos Humanos, Eduardo Suplicy.
A reunião está marcada para a semana que vem. A ideia, de acordo com o
secretário de Justiça, é que a questão da chegada dos imigrantes seja resolvida
em parceria entre Prefeitura e governo do Estado. Na reunião com Suplicy,
Toledo César pedirá que o secretário marque uma reunião com o governador do
Acre, Tião Viana.
"Quero ir ao Acre e quero levar o padre Paolo junto
para ensinar como cadastrá-los, como ensinar português e também para mostrar
como dar carteira de trabalho lá mesmo", afirmou o secretário de Justiça.
Segundo Parise, o processo de retirada da carteira de
trabalho dos haitianos leva mais de um mês, o que posterga a saída do abrigo e
impede o recebimento de novos imigrantes.
O secretário de Justiça disse que pedirá ainda uma
reunião com Ideli Salvatti, ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da
Presidência da República (SDH). Toledo César pretende pressionar o governo
federal para fixar no Acre representantes do Ministério do Trabalho com o
objetivo de agilizar a documentação trabalhista. A ideia é pedir ainda o
reforço de agentes da Polícia Federal na fronteira entre Acre e Peru.
Estadao
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