Alemanha é o destino preferido de imigrantes, à frente
até dos EUA. Só em 2013, 1,2 milhão chegaram ao país. Mas criação de legislação
específica ainda está longe de consenso, inclusive entre partidos que formam
governo.
Há anos o número dos que imigram para a Alemanha vem
subindo continuamente, tendo alcançado 1,2 milhão em 2013. Mesmo descontando os
que deixaram o país no mesmo período, o aumento é de 430 mil pessoas, e a
tendência permanece crescente.
O país conta com grande apreciação internacional entre os
destinos para emigração, posicionando-se até à frente dos Estados Unidos. No
entanto, não tem uma lei de imigração propriamente dita.
As opiniões diferem diametralmente, mesmo dentro dos
partidos da coalizão governamental, as uniões Democrata Cristã e Social Cristã
(CDU/CSU) e o Partido Social-Democrata (SPD).
O ministro do Interior, democrata cristão Thomas de
Maizière, por exemplo, é contra. Como declarou há poucas semanas, ao apresentar
o relatório sobre a imigração, as regras legais existentes já bastam para
acolher os imigrantes. Os oposicionistas do Partido Verde, contudo, defendem a
necessidade de uma legislação, a fim de direcionar a imigração e fornecer segurança
legal aos estrangeiros.
Já o presidente da bancada social-democrata no Bundestag
(câmara baixa do Parlamento alemão), Thomas Oppermann, está entre o
"sim" e o "não". Ele é a favor de um sistema de pontos,
como o adotado no Canadá.
Oppermann conta para tal com o apoio do líder do SPD, o
vice-chanceler federal Sigmar Gabriel, que, num artigo de opinião recente para
o jornal FAZ, pleiteou uma legislação que regulamente que tipo de imigração a
Alemanha precisa, e qual não.
Outros políticos social-democratas se opõem à proposta,
como a governadora da Renânia do Norte-Vestfália, Hannelore Kraft, e o
vice-presidente do partido, Ralf Stegner. Eles alertam para a crescente pressão
salarial causada pelos trabalhadores imigrantes, reivindicando, em
contrapartida, mais medidas de qualificação para os alemães
desempregados.
Oposição
social-cristã ferrenha
Até o momento, somente a CSU se posicionou
inequivocamente sobre o assunto, rejeitando estritamente uma lei de imigração.
"Comigo, isso não vai acontecer", desafiou o chefe do partido, Horst
Seehofer, durante a tradicional assembleia de Quarta-Feira de Cinzas.
"Quando um país tem 1 milhão de imigrantes por ano, então não precisamos
de uma lei com ainda mais imigração."
Na ocasião, o também governador da Baviera se pronunciou
contra o afluxo pronunciado de requerentes de asilo do Kosovo. Segundo
Seehofer, como não há perseguição política nem no Kosovo nem na Albânia, os
requerentes dos Bálcãs que sejam rejeitados devem ser consequentemente
repatriados. "Não somos a previdência social do mundo inteiro",
pontificou.
Antes, o secretário-geral social-cristão, Andreas
Scheuer, igualmente se declarara contra uma nova legislação. Tal proposta
"é tão supérflua quanto areia no Sahara", ironizou, com apoio de
grande parte de seus correligionários.
Apesar disso, dentro da irmã União Democrata Cristã
também se ouve outras opiniões. Seu secretário-geral, Peter Tauber, pleiteia um
controle da imigração por lei. Sua principal meta, afirma, é dar aos imigrantes
o sinal político de que são bem-vindos na Alemanha. Afinal de contas, o país
precisa de trabalhadores qualificados, de forma a compensar a retração
demográfica e consequente carência de mão de obra.
Com essa iniciativa, Tauber granjeou o descontentamento
de numerosos colegas de bancada. Somente a ala econômica da CDU lhe dá apoio: o
conselho econômico democrata-cristão defende um sistema de pontos para
aquisição de trabalhadores estrangeiros, orientado segundo as necessidades
nacionais.
Quanto a Angela Merkel, chefe do partido e chanceler
federal alemã, ela aparentemente está esperando para ver como o debate se
desenvolve, antes de se comprometer, alegando que sua opinião sobre o tema
ainda não está formada.
Esquerda
e empresários: raro consenso
Surpreendente é o consenso entre o partido A Esquerda e
representantes do empresariado: ambos se manifestam a favor da imigração, mas
rechaçam uma lei que a direcione.
"Somos contra a seleção por um sistema de
pontos", declarou a porta-voz do partido para temas de imigração, Sevim
Dağdelen. O critério para a admissão de novos cidadãos deveriam ser os direitos
humanos, e não a utilidade de uma pessoa para o mercado de trabalho, censurou a
esquerdista.
O empresariado alemão igualmente quer mais imigração e
considera desnecessária uma nova lei. O presidente da Confederação Alemã das
Câmaras de Indústria e Comércio (DIHK), Eric Schweitzer, comentou numa
entrevista que dois terços dos imigrantes vêm mesmo de Estados-membros da União
Europeia, não necessitando, portanto, de qualquer lei.
Para os demais, já há suficientes normas, que se pode
continuar a aprimorar, concluiu Schweitzer. "Não precisamos é de um debate
sobre uma nova lei de imigração."
Deutsche Welle
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