Nesta estação contemplamos a
triste, porém cada vez mais real configuração do tráfico humano em nossa
sociedade. Somos convidadas e convidados a nos perguntar com as palavras do
Papa Francisco: “Quem dera que se ouvisse o grito de Deus perguntando a
todos(as) nós: “Onde está teu
irmão, tua irmã?”(Cfr. Gn 4,9) Onde está teu irmão/a escravo/a?
Onde está teu irmão, tua irmã que estás matando a cada dia na pequena
fábrica clandestina, nas redes de prostituição, nas crianças usadas para a
mendicidade, naquele/a que tem que trabalhar as escondidas porque não foi
regularizado/a?” (Papa Francisco, Evangelho da Alegria n° 211 pág. 125).
Somos convocadas a olhar
para a realidade gritante do tráfico humano. Ela apresenta-se como um grande
desafio, sabendo que a cada dia se alargam as dimensões deste Crime Organizado
Transnacional no planeta. Alguns dados estatísticos, ainda bastante imprecisos
da UNODC[1],
mostram que o tráfico de pessoas movimenta anualmente 32 bilhões de dólares. Ocupa o terceiro lugar dentro dessas três fontes ilícitas mais rentáveis da economia
mundial. Segundo essa mesma fonte estatística, o número de pessoas traficadas
no planeta atinge a casa dos quatro
milhões anuais.
O Brasil é um dos países campeões no mundo em
relação ao fornecimento de pessoas, particularmente mulheres para o tráfico
internacional. Estima-se que 700 mil
mulheres e crianças passam todos os anos pelas fronteiras internacionais do
tráfico humano. É o país é responsável por
15% das pessoas exportadas da
América Latina para a Europa. Essa mesma Organização em seu relatório
global de 2012 aponta que no mundo inteiro, e não somente em nossa América Latina ,
a maioria absoluta das pessoas traficadas, 75%, são mulheres, jovens, crianças
e adolescentes, principalmente para exploração sexual. No panorama mundial com
pouco menos de 2 milhões nosso
continente segue a Ásia e o Leste Europeu em quantidade de vítimas. Que nos
falam hoje estas estatísticas?
O Tráfico Humano e as muitas outras faces da pobreza e da exclusão, que
atinge milhões de pessoas em todo mundo, é resultado de um sistema estruturado
e sustentado pela lógica do mercado, cujo fim último é o acúmulo da riqueza nas
mãos de poucos, via mercantilização de tudo, inclusive da pessoa humana. É o
espelho da irracionalidade do capitalismo global que, para manter sua soberania
imperialista, utiliza meios espúrios como o tráfico de drogas, de pessoas e de
armas como canais de enriquecimento e poder.
A Igreja e a VRC, ao longo da história, tem assumido das mais diversas
formas, o compromisso solidário e profético frente às situações que ameaçam e
destroem a Vida das pessoas, particularmente dos pobres excluídos. Nos últimos
anos, consciente da gravidade, amplitude e urgência de avançar na luta contra
esta triste realidade assume o enfrentamento do tráfico de pessoas, como uma
resposta de Compromisso ao Deus da Vida, que na pessoa de Jesus de Nazaré, o
crucificado/ressuscitado quer que todos os povos tenham vida em abundancia.
Conforme afirma o Papa
Francisco:
“O
tráfico de pessoas é uma chaga no corpo da humanidade, uma ferida na carne de
Cristo. Um crime contra a humanidade. (...) Uma derrota para o mundo. Todas as
pessoas de boa vontade, independente de professarem ou não uma religião, não
podem permitir que milhões de mulheres, homens e crianças sejam tratados como
objetos, enganados, violados, vendidos e revendidos, com diferentes fins, prejudicados
no corpo e na mente, e depois descartados, abandonados ou assassinados. Isto é uma vergonha. Uma
derrota para o mundo. Não pode continuar!.”
O enfrentamento ao tráfico
de pessoas impõe a necessidade de um processo articulado de formação e
mobilização social, capaz de eliminar as estruturas de exclusão e morte que o
produzem e sustentam.
Busquemos nesta “via cruzes” na qual associamos o sofrimento e a morte
martirial de Cristo ao sofrimento e martírio das inúmeras pessoas traficadas em
nosso planeta, aguçar nossa indignação e compaixão solidária reafirmando nosso
compromisso de fazer de nossa vida uma entrega de amor a esta causa.
GESTO:
Vai aparecer em cena duas ou três pessoas da Rede com a boca
vendada com um pano escuro. As duas o
três vão fazer um esforço para poder falar. Ao não puder tirar a venda convidam
alguma pessoa do público fazendo sinais, que venham ajudar a tirar essas
vendas, enquanto vão tirando dizemos: O
SILENCIO FAZ NOVAS VÍTIMAS! E logo formamos uma roda com algumas
pessoas e falamos juntas o lema da Rede: ENFRENTAR
O TRÁFICO HUMANO É NOSSO COMPROMISSO.
Ir. Eurides Alves de Oliveira, ICM
(Coordenadora da Rede Um grito pela Vida)
Ir. Manuela Rodríguez Piñeres (OSR)
( Membro da Articulação Nacional).
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