segunda-feira, 2 de março de 2015

TRÁFICO HUMANO: UM ATENTADO Á VIDA E DIGNIDADE HUMANA

Nesta estação contemplamos a triste, porém cada vez mais real configuração do tráfico humano em nossa sociedade. Somos convidadas e convidados a nos perguntar com as palavras do Papa Francisco: “Quem dera que se ouvisse o grito de Deus perguntando a todos(as) nós:  “Onde está teu irmão, tua irmã?”(Cfr. Gn 4,9) Onde está teu irmão/a escravo/a? Onde está teu irmão, tua irmã que estás matando a cada dia na pequena fábrica clandestina, nas redes de prostituição, nas crianças usadas para a mendicidade, naquele/a que tem que trabalhar as escondidas porque não foi regularizado/a?” (Papa Francisco, Evangelho da Alegria n° 211 pág. 125).

Somos convocadas a olhar para a realidade gritante do tráfico humano. Ela apresenta-se como um grande desafio, sabendo que a cada dia se alargam as dimensões deste Crime Organizado Transnacional no planeta. Alguns dados estatísticos, ainda bastante imprecisos da UNODC[1], mostram que o tráfico de pessoas movimenta anualmente 32 bilhões de dólares. Ocupa o terceiro lugar dentro dessas três fontes ilícitas mais rentáveis da economia mundial. Segundo essa mesma fonte estatística, o número de pessoas traficadas no planeta atinge a casa dos quatro milhões anuais.
 O Brasil é um dos países campeões no mundo em relação ao fornecimento de pessoas, particularmente mulheres para o tráfico internacional. Estima-se que 700 mil mulheres e crianças passam todos os anos pelas fronteiras internacionais do tráfico humano.  É o país é responsável por 15% das pessoas exportadas da América Latina para a Europa. Essa mesma Organização em seu relatório global de 2012 aponta que no mundo inteiro, e não somente em nossa América Latina, a maioria absoluta das pessoas traficadas, 75%, são mulheres, jovens, crianças e adolescentes, principalmente para exploração sexual. No panorama mundial com pouco menos de 2 milhões nosso continente segue a Ásia e o Leste Europeu em quantidade de vítimas. Que nos falam hoje estas estatísticas?

             O Tráfico Humano e as muitas outras faces da pobreza e da exclusão, que atinge milhões de pessoas em todo mundo, é resultado de um sistema estruturado e sustentado pela lógica do mercado, cujo fim último é o acúmulo da riqueza nas mãos de poucos, via mercantilização de tudo, inclusive da pessoa humana. É o espelho da irracionalidade do capitalismo global que, para manter sua soberania imperialista, utiliza meios espúrios como o tráfico de drogas, de pessoas e de armas como canais de enriquecimento e poder.
            A Igreja e a VRC, ao longo da história, tem assumido das mais diversas formas, o compromisso solidário e profético frente às situações que ameaçam e destroem a Vida das pessoas, particularmente dos pobres excluídos. Nos últimos anos, consciente da gravidade, amplitude e urgência de avançar na luta contra esta triste realidade assume o enfrentamento do tráfico de pessoas, como uma resposta de Compromisso ao Deus da Vida, que na pessoa de Jesus de Nazaré, o crucificado/ressuscitado quer que todos os povos tenham vida em abundancia.
Conforme afirma o Papa Francisco:
“O tráfico de pessoas é uma chaga no corpo da humanidade, uma ferida na carne de Cristo. Um crime contra a humanidade. (...) Uma derrota para o mundo. Todas as pessoas de boa vontade, independente de professarem ou não uma religião, não podem permitir que milhões de mulheres, homens e crianças sejam tratados como objetos, enganados, violados, vendidos e revendidos, com diferentes fins, prejudicados no corpo e na mente, e depois descartados, abandonados  ou assassinados. Isto é uma vergonha. Uma derrota para o mundo. Não pode continuar!.”

O enfrentamento ao tráfico de pessoas impõe a necessidade de um processo articulado de formação e mobilização social, capaz de eliminar as estruturas de exclusão e morte que o produzem e sustentam.         

           Busquemos nesta “via cruzes” na qual associamos o sofrimento e a morte martirial de Cristo ao sofrimento e martírio das inúmeras pessoas traficadas em nosso planeta, aguçar nossa indignação e compaixão solidária reafirmando nosso compromisso de fazer de nossa vida uma entrega de amor a esta causa.

GESTO: Vai aparecer em cena duas ou três pessoas da Rede com  a boca vendada com  um pano escuro. As duas o três vão fazer um esforço para poder falar. Ao não puder tirar a venda convidam alguma pessoa do público fazendo sinais, que venham ajudar a tirar essas vendas, enquanto vão tirando dizemos: O SILENCIO FAZ NOVAS VÍTIMAS! E logo formamos uma roda com algumas pessoas e falamos juntas o lema da Rede: ENFRENTAR O TRÁFICO HUMANO É NOSSO COMPROMISSO.
                                                                                   
Ir. Eurides Alves de Oliveira, ICM
(Coordenadora da Rede Um grito pela Vida)
 Ir. Manuela Rodríguez Piñeres (OSR)
( Membro da Articulação Nacional).






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