Refugiados há 39 anos no deserto do Saara, no Oeste da
África, o povo saarauí é o protagonista do documentário “Quem – Entre Muros e
Pontes”, dirigido pelo cineasta brasileiro Cacau Rhoden. Apresentado esta
semana em São Paulo, o filme é o retrato de um povo que sobrevive quase que
exclusivamente do auxílio de ONGs e organismos internacionais, sem a
perspectiva de uma resolução política para a sua situação no curto prazo.
São quase 200 mil refugiados em uma região da África
conhecida como Saara Ocidental, ocupada pelo Marrocos desde a saída das tropas
colonizadoras da Espanha, em 1976. Desde então, inúmeras guerras e tentativas
de resolução política vêm sendo tentadas, sem sucesso.
Duas décadas de guerra entre os saarauís separatistas e
as forças militares do Marrocos deixaram heranças superlativas: o estoque
estimado de 3 a 7 milhões de minas terrestres e uma muralha de pedras e areia
com 3.500 quilômetros, levantada pelo Marrocos na tentativa de manter
segregados os saraauís. O muro perde em extensão apenas para a Muralha da
China, construída ao longo de séculos de diferentes dinastias. Ultrapassa
também tentativas similares de segregação na história contemporânea, como o Muro
de Berlim (com 150 metros de extensão) e o da Cisjordânia (com 350 metros).
“Muitos pensam que o importante é doar dinheiro para
leite e mantimentos para os refugiados. Muitos países fazem isso como se
tivessem um problema de consciência. Mas essa ajuda humanitária não cura. É um
calmante. O que cura é uma solução política”, diz o filme.
O documentário, de 20 minutos de duração, está disponível
no site do VideoCamp, uma nova plataforma de filmes inspiradores e com
potencial de transformação lançado na quarta-feira. Seu acesso é gratuito.
Texto: Adus
Nenhum comentário:
Postar um comentário