sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Sobre a Situação dos Haitianos: A Dignidade Humana e o Direito à Revolta



A imigração faz parte da formação do Brasil. Não seriamos o Brasil que somos, com tanta riqueza cultural, não fossem os imigrantes. Recordo-me quando no início do governo Lula o grande desafio era a situação dos imigrantes bolivianos que logo foram atendidos por um Acordo Bilateral entre Brasil e Bolivia que regularizou a vida de milhares pessoas. Logo em 2009 veio à anistia e os acordos de livre residência para nacionais dos estados partes do MERCOSUL e associados. Os debates se acaloraram pelo Brasil a fora e muitas iniciativas e expectativas foram surgindo, seguindo o ritmo natural das conquistas dentro de um governo dos trabalhadores. O paradigma brasileiro de não criminalização da imigração irregular amplamente divulgado mundo afora. Apesar de a legislação ser arcaica, os direitos são universais e garantidos pela constituição, portanto os imigrantes independentemente de suas situação migratória tem direito à saúde por exemplo, o que não acontece em outros países. Impressiona e indigna a atitude atual do Governo Brasileiro que se cala diante das inúmeras violações de direitos humanos de imigrantes e refugiados. Não são somente os haitianos, embora estes estejam tomando as manchetes dos jornais. São também nigerianos, congoleses, sírios entre outros. Indigna a falta de uma leitura coerente dos fatos. Como pode um governo investir milhões em TRANSPORTE DE IMIGRANTES e fazer de conta que está tudo bem. Parece que o problema não é do Ministério da Justiça, não é do Itamarati, não é do Ministério do Trabalho que, aliás, acaba de emitir uma Portaria reforçando a centralização da emissão das carteiras de trabalho. Em nome do que? A classe trabalhadora é uma só, ela é internacional. Então é hora deste governo que é do povo assumir as suas responsabilidades e liderar um novo paradigma, que é o paradigma dos direitos humanos e da integração dos povos. Como petista sinto-me compromissado com este processo e tenho o dever de alertar. Ou se faz as mudanças que precisam ser feitas ou correremos o risco, num futuro muito próximo, de enfrentar situações graves de xenofobia e até crise humanitária como a Europa hoje enfrenta.

Paulo Illes

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