O governo do Acre espera que o ministro da Integração
Nacional, Guilherme Occhi, se pronuncie nesta sexta-feira (27), durante visita
ao estado, sobre o apelo feito ao governo federal para que os haitianos não
entrem no país pelo Acre, que sofre com as cheias dos rios. A informação é da
Secretaria de Direitos Humanos do estado (Sejudh).
Segundo o diretor de Promoção e Defesa de Direitos
Humanos, Ruscelino Barboza, o ministro vem ao estado para verificar a situação
das regiões atingidas pela cheia do Rio Acre e, na oportunidade, deve dar uma
resposta sobre a situação dos imigrantes que entram no país pelos municípios
acreanos de Assis Brasil e Brasileia, na fronteira com o Peru e Bolívia.
"O ministro vai dizer ao governo do Acre e à
população acreana quais ações que o governo federal está se propondo a realizar
para dar socorro às famílias que estão nessa situação. Além disso, ele deve
responder sobre de que forma eles vão inibir a vinda dos imigrantes ao país
pelo Acre", explica Barboza.
O diretor afirma que o governo não vai fechar as portas,
nem negar o acolhimento humanitário aos imigrantes que chegam no estado, mas
salienta que o problema maior nesse momento é a situação emergencial de
catástrofe e de calamidade pública que o estado passa por conta da cheia do Rio
Acre.
"A nossa prioridade é a população acreana que se
encontra em estado de calamidade pública. Todos os órgãos do estado estão
voltados para essa situação. Isso não quer dizer que os imigrantes não possam
vir ao Acre, porém o serviço de acolhimento que estava sendo prestado, vai ser
quando puder e de forma menos intensa", afirma o diretor.
Segundo Barbosa, o Ministério de Relações Exteriores
(Itamaraty) é o responsável pela rota de entrada dos imigrantes. "O
Itamaraty repassou informação sobre a situação do Acre para os governos do
Peru, Equador e República Dominicana. Na verdade, eles se comunicam muito
rápido, e já sabem a situação das cidades do interior do estado, mas o problema
é que acabam preferindo vir tentar de todas as formas chegar no país pelo
Acre", conta.
Equador, Peru e Bolívia são somente rota para passagem
dos imigrantes. De acordo com o diretor, o destino dessas pessoas é o Brasil.
"Embora o governo brasileiro, peruano e equatoriano informe que a situação
está complicada, eles resistem por dizer que estão com um problema maior em seu
país", finaliza.
Rota
de imigração
Imigrantes chegam ao Acre todos os dias através da
fronteira do Peru com a cidade de Assis Brasil, distante 342 km da capital. A
maioria são imigrantes haitianos que deixaram a terra natal, desde 2010, quando
um forte terremoto deixou mais de 300 mil mortos e devastou parte do país. De
acordo com o governo do estado, desde 2010, mais de 32 mil imigrantes entraram
no Brasil pelo Acre.
Eles vêm ao Brasil em busca de uma vida melhor e de poder
ajudar familiares que ficaram para trás. Para chegar até o Acre, eles saem, em
sua maioria, da capital haitiana, Porto Príncipe, e vão de ônibus até Santo
Domingo, capital da República Dominicana, que fica na mesma ilha. Lá, compram
uma passagem de avião e vão até o Panamá. Da cidade do Panamá, seguem de avião
ou de ônibus para Quito, no Equador.
Por terra, vão até a cidade fronteiriça peruana de Tumbes
e passam por Piura, Lima, Cusco e Puerto Maldonado até chegar a Iñapari, cidade
que faz fronteira com Assis Brasil (AC), por onde passam até chegar a
Brasiléia.
G1 Acre
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