sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Acre espera resposta do governo federal sobre entrada de haitianos

O governo do Acre espera que o ministro da Integração Nacional, Guilherme Occhi, se pronuncie nesta sexta-feira (27), durante visita ao estado, sobre o apelo feito ao governo federal para que os haitianos não entrem no país pelo Acre, que sofre com as cheias dos rios. A informação é da Secretaria de Direitos Humanos do estado (Sejudh).

Segundo o diretor de Promoção e Defesa de Direitos Humanos, Ruscelino Barboza, o ministro vem ao estado para verificar a situação das regiões atingidas pela cheia do Rio Acre e, na oportunidade, deve dar uma resposta sobre a situação dos imigrantes que entram no país pelos municípios acreanos de Assis Brasil e Brasileia, na fronteira com o Peru e Bolívia.

"O ministro vai dizer ao governo do Acre e à população acreana quais ações que o governo federal está se propondo a realizar para dar socorro às famílias que estão nessa situação. Além disso, ele deve responder sobre de que forma eles vão inibir a vinda dos imigrantes ao país pelo Acre", explica Barboza.

O diretor afirma que o governo não vai fechar as portas, nem negar o acolhimento humanitário aos imigrantes que chegam no estado, mas salienta que o problema maior nesse momento é a situação emergencial de catástrofe e de calamidade pública que o estado passa por conta da cheia do Rio Acre.

"A nossa prioridade é a população acreana que se encontra em estado de calamidade pública. Todos os órgãos do estado estão voltados para essa situação. Isso não quer dizer que os imigrantes não possam vir ao Acre, porém o serviço de acolhimento que estava sendo prestado, vai ser quando puder e de forma menos intensa", afirma o diretor.
Segundo Barbosa, o Ministério de Relações Exteriores (Itamaraty) é o responsável pela rota de entrada dos imigrantes. "O Itamaraty repassou informação sobre a situação do Acre para os governos do Peru, Equador e República Dominicana. Na verdade, eles se comunicam muito rápido, e já sabem a situação das cidades do interior do estado, mas o problema é que acabam preferindo vir tentar de todas as formas chegar no país pelo Acre", conta.

Equador, Peru e Bolívia são somente rota para passagem dos imigrantes. De acordo com o diretor, o destino dessas pessoas é o Brasil. "Embora o governo brasileiro, peruano e equatoriano informe que a situação está complicada, eles resistem por dizer que estão com um problema maior em seu país", finaliza.

Rota de imigração

Imigrantes chegam ao Acre todos os dias através da fronteira do Peru com a cidade de Assis Brasil, distante 342 km da capital. A maioria são imigrantes haitianos que deixaram a terra natal, desde 2010, quando um forte terremoto deixou mais de 300 mil mortos e devastou parte do país. De acordo com o governo do estado, desde 2010, mais de 32 mil imigrantes entraram no Brasil pelo Acre.

Eles vêm ao Brasil em busca de uma vida melhor e de poder ajudar familiares que ficaram para trás. Para chegar até o Acre, eles saem, em sua maioria, da capital haitiana, Porto Príncipe, e vão de ônibus até Santo Domingo, capital da República Dominicana, que fica na mesma ilha. Lá, compram uma passagem de avião e vão até o Panamá. Da cidade do Panamá, seguem de avião ou de ônibus para Quito, no Equador.

Por terra, vão até a cidade fronteiriça peruana de Tumbes e passam por Piura, Lima, Cusco e Puerto Maldonado até chegar a Iñapari, cidade que faz fronteira com Assis Brasil (AC), por onde passam até chegar a Brasiléia.

G1 Acre

Nenhum comentário:

Postar um comentário