Os imigrantes que esperam no porto francês de Calais para tentar
atravessar o Canal da Mancha em direção ao Reino Unido sofrem maus tratos e
abusos por parte da polícia, segundo denunciou nesta terça-feira a ONG Human
Rights Watch (HRW). As violações descritas pela HRW em comunicado incluem
surras e ataques com spray aos imigrantes e litigantes de asilo que circulam
pelas ruas da cidade ou que tentam atravessar o canal escondidos em caminhões.
Milhares de pessoas, a maioria do Sudão, Etiópia e Eritreia, vivem em
acampamentos ou nas ruas de Calais, o que a transformou em uma das cidades mais
polêmicas da França. "Os litigantes de asilo e os imigrantes não deveriam
ter de sofrer a violência policial na França, e ninguém que tenha pedido asilo
deveria ser abandonado para viver na rua", diz na nota Izza Leghtas,
investigadora da Europa Ocidental na HRW. A ONG conversou com 44 imigrantes
entre novembro e dezembro do ano passado. Os entrevistados mencionaram de
"abusos rotineiros" a acusação de policiais. Dezenove deles,
incluindo dois menores, admitiram ter sofrido esse tipo de abusos, como surras,
e oito deles apresentavam ferimentos visíveis. A França só acolhe um terço das
pessoas que pedem asilo no país, assinala a ONG, que lembra que em dezembro de
2013 pelo menos 15 mil pessoas o tinham solicitado e estavam na lista de espera
para encontrar vaga em algum centro. O ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve,
reagiu em comunicado à denúncia da HRW e acusou a ONG de "não ter
verificado as alegações de violência policial". "A gravidade das
acusações públicas contra as forças da ordem formuladas no documento deveriam
ter levado a associação a escutar os responsáveis da polícia sobre fatos
precisos ou a informar os serviços competentes" se tivessem obtido provas,
garantiu Cazeneuve. Sobre a situação em Calais, o ministro lembrou que mais de
400 imigrantes presentes na cidade solicitaram asilo na França desde setembro e
foram levadas a um alojamento, normalmente um mes depois do pedido. Cazaneuve
explicou que desde 15 de janeiro o Centro Jules Ferry acolhe litigantes durante
o dia e que também foi disponibilizado um mecanismo de alojamento nos dias mais
frios.
Agência Efe
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