quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Governo grego pondera criar ministério da Imigração


O anúncio de um ministério para a Imigração pode ser uma das novidades do novo Governo de esquerda na Grécia, disse à agência Lusa o sudanês Moavia Ahmed, presidente do Fórum Grego de Migrantes. "O novo Governo tem de responder à questão da imigração e o Syriza prepara-se para criar um novo ministério para a Imigração e isso é muito importante. Será a primeira vez que acontecerá na Grécia", referiu Moavia Ahmed, responsável desde 2002 pelo Fórum Grego de Migrantes (GFM), que aglutina mais de 40 organizações de imigrantes no país. Tasia Christodoulopoulos, que colaborou com diversas organizações não-governamentais (ONG) e que está "envolvida em questões sobre imigração desde 1996", é o nome apontado para aquele ministério, precisou o responsável do GMF, uma estrutura que integra diversos fóruns europeus vocacionados para as questões da imigração e combate ao racismo e xenofobia. Syriza foi sempre pró-imigrantes Moavia Ahmed exultou com a "boa notícia", quando começava a demonstrar preocupação por uma "eventual viragem" do partido de Alexis Tsipras, que na segunda-feira prestou juramento como primeiro-ministro da Grécia após a sólida vitória eleitoral da véspera. "O Syriza foi sempre pró-imigrantes, mas no último ano e meio, quando se tornou num partido grande e perto do poder, deixou de falar sobre imigração. Fiquei muito preocupado sobre uma alteração da sua posição", assinalou. A "mudança" da posição do partido da esquerda radical também se refletiu nos discursos de Tsipras, que segundo o dirigente do GMF passou a evitar o tema. "Garantiram-me que não falam nos 'media' sobre a imigração, mas continuam, na prática, a defender as antigas posições. Este ministério é um bom sinal. Tasia esteve aqui várias vezes, é uma mulher progressista. Isso é muito importante, esperemos que se concretize", acrescentou. Os responsáveis pelas comunidades de imigrantes da Grécia - principal "porta de entrada" e ponto de passagem da imigração clandestina em direção a outras regiões da Europa -, aguardam agora uma "mudança de mentalidades" e uma nova prática face a um dos principais problemas do país. Portugal com legislação "avançada" "Na Grécia existe a ideia filosófica básica de que os imigrantes são convidados, que devem ficar algum tempo e depois partir. Por isso, não possuem autorização de residência permanente e têm de renová-la permanentemente. Mesmo que se esteja 40 anos no país, tem de se renovar sempre", afirmou. Uma situação que acaba por afetar a segunda geração de imigrantes, que continuam sem direito à obtenção do estatuto de cidadania, adiantou Moavia Ahmed, frisando que, neste aspeto frisa, Portugal "tem das legislações mais avançadas em relação à segunda geração de imigrantes". No entanto, o ativista sudanês reconheceu que "99% das políticas aprovadas e aplicadas pelo Governo grego" vêm da Europa e que "não se encaixam" na especificidade grega. Ao abordar a especificidade da imigração na Grécia, Moavia Ahmed assinalou que, "ao contrário do que dizem os 'media' gregos", os principais fluxos migratórios em direção ao país provêm da Europa, em particular dos Balcãs e não da Ásia nem de África.

CMJORNAL

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