O anúncio de um ministério para a Imigração pode ser uma das
novidades do novo Governo de esquerda na Grécia, disse à agência Lusa o sudanês
Moavia Ahmed, presidente do Fórum Grego de Migrantes. "O novo Governo tem
de responder à questão da imigração e o Syriza prepara-se para criar um novo
ministério para a Imigração e isso é muito importante. Será a primeira vez que
acontecerá na Grécia", referiu Moavia Ahmed, responsável desde 2002 pelo
Fórum Grego de Migrantes (GFM), que aglutina mais de 40 organizações de
imigrantes no país. Tasia Christodoulopoulos, que colaborou com diversas
organizações não-governamentais (ONG) e que está "envolvida em questões
sobre imigração desde 1996", é o nome apontado para aquele ministério,
precisou o responsável do GMF, uma estrutura que integra diversos fóruns
europeus vocacionados para as questões da imigração e combate ao racismo e
xenofobia. Syriza foi sempre pró-imigrantes Moavia Ahmed exultou com a
"boa notícia", quando começava a demonstrar preocupação por uma
"eventual viragem" do partido de Alexis Tsipras, que na segunda-feira
prestou juramento como primeiro-ministro da Grécia após a sólida vitória
eleitoral da véspera. "O Syriza foi sempre pró-imigrantes, mas no
último ano e meio, quando se tornou num partido grande e perto do poder, deixou
de falar sobre imigração. Fiquei muito preocupado sobre uma alteração da sua
posição", assinalou. A "mudança" da posição do partido da
esquerda radical também se refletiu nos discursos de Tsipras, que segundo o
dirigente do GMF passou a evitar o tema. "Garantiram-me que não falam
nos 'media' sobre a imigração, mas continuam, na prática, a defender as antigas
posições. Este ministério é um bom sinal. Tasia esteve aqui várias vezes, é uma
mulher progressista. Isso é muito importante, esperemos que se
concretize", acrescentou. Os responsáveis pelas comunidades de imigrantes
da Grécia - principal "porta de entrada" e ponto de passagem da
imigração clandestina em direção a outras regiões da Europa -, aguardam agora
uma "mudança de mentalidades" e uma nova prática face a um dos
principais problemas do país. Portugal com legislação "avançada"
"Na Grécia existe a ideia filosófica básica de que os imigrantes são
convidados, que devem ficar algum tempo e depois partir. Por isso, não possuem
autorização de residência permanente e têm de renová-la permanentemente. Mesmo
que se esteja 40 anos no país, tem de se renovar sempre", afirmou. Uma situação
que acaba por afetar a segunda geração de imigrantes, que continuam sem direito
à obtenção do estatuto de cidadania, adiantou Moavia Ahmed, frisando que, neste
aspeto frisa, Portugal "tem das legislações mais avançadas em relação à
segunda geração de imigrantes". No entanto, o ativista sudanês reconheceu
que "99% das políticas aprovadas e aplicadas pelo Governo grego" vêm
da Europa e que "não se encaixam" na especificidade grega. Ao
abordar a especificidade da imigração na Grécia, Moavia Ahmed assinalou que,
"ao contrário do que dizem os 'media' gregos", os principais fluxos
migratórios em direção ao país provêm da Europa, em particular dos Balcãs e não
da Ásia nem de África.
CMJORNAL
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