A Organização
Internacional para as Migrações advertiu que o ataque
"inqualificável" ao jornal satírico francês Charlie
Hebdo não pode servir de desculpa para "um retrocesso de pânico,
desconfiança e ódio".
Em comunicado, a Organização Internacional para as
Migrações (OIM) admite estar preocupada com os relatos de "violência
contra migrantes e seus locais de culto", após o ataque de três homens
armados contra o jornal, que causou a morte a 12 pessoas.
A OIM está a acompanhar com "inquietação"
a reação aos acontecimentos trágicos registados na capital francesa, "numa
altura em que o ato de migrar para sítios mais seguros nunca foi tão arriscado
e o acolhimento dos migrantes que escapam ao perigo e à opressão nunca foi tão
agressivo".
Lançando um apelo à calma, a organização reconhece
que existe um "potencial" de "retrocesso" na relação com os
migrantes, "facilmente transformados num bode expiatório para os receios
das populações, em tempos de elevado desemprego".
Em resposta, a OIM sugere uma postura de
"respeito e reconhecimento face ao enorme contributo que os
migrantes" têm dado às sociedades de acolhimento.
"Os migrantes de hoje não são invasores ou
intrusos. Sendo jovens, muitas vezes a começar as suas vidas laborais, os
migrantes são parceiros cruciais para os nativos, preenchendo vagas nas
indústrias com falta de mão-de-obra; renovam bairros em decadência e reforçam
os apoios públicos aos mais velhos e aos desempregados, colocando nos cofres
estatais muito mais riqueza do que aquela que retiram", sublinha.
De acordo com os últimos dados de uma pesquisa
anual da empresa de sondagens Gallup, que inquiriu adultos em mais de 140
países, a maioria dos cidadãos do mundo, com exceção dos europeus, quer que os
níveis de imigração se mantenham ou aumentem.
As pessoas na Europa são as mais negativas face à
imigração, com 52 por cento dos inquiridos a defenderem uma diminuição do fluxo
de migrantes. "Depois de quatro séculos como principal fonte de migrantes,
a Europa está a adaptar-se a ser o principal destino", interpreta o
diretor geral da OIM, William Lacy Swing.
A França e o mundo estão em choque com o ataque
contra o Charlie Hebdo, jornal criado em 1992 pelo escritor e jornalista
François Cavanna e que publicava regularmente imagens do profeta Maomé, gerando
a ira de muçulmanos fundamentalistas.
Três homens, vestidos de preto, encapuzados e
armados, atacaram, na manhã de quarta-feira, a sede do jornal, no centro de
Paris, matando 12 pessoas - dez jornalistas e cartoonistas e dois polícias - e
ferindo outras 11, quatro das quais em estado grave.
Os dois suspeitos do ataque, os irmãos Said Kouachi
e Cherif Kouachi, de 32 e 34 anos, continuam refugiados numa gráfica, em
Dammartin-en-Goële, nos arredores de Paris, cercados por uma gigantesca
operação policial. O terceiro suposto atacante, Hamyd Mourad, de 18 anos, já se
entregou às autoridades francesas.
OIM
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