segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

OIM alerta para risco de "retrocesso" na relação com migrantes

A Organização Internacional para as Migrações advertiu  que o ataque "inqualificável"  ao jornal satírico francês Charlie Hebdo não pode servir de desculpa para "um retrocesso de pânico, desconfiança e ódio".

Em comunicado, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) admite estar preocupada com os relatos de "violência contra migrantes e seus locais de culto", após o ataque de três homens armados contra o jornal, que causou a morte a 12 pessoas.
A OIM está a acompanhar com "inquietação" a reação aos acontecimentos trágicos registados na capital francesa, "numa altura em que o ato de migrar para sítios mais seguros nunca foi tão arriscado e o acolhimento dos migrantes que escapam ao perigo e à opressão nunca foi tão agressivo".
Lançando um apelo à calma, a organização reconhece que existe um "potencial" de "retrocesso" na relação com os migrantes, "facilmente transformados num bode expiatório para os receios das populações, em tempos de elevado desemprego".
Em resposta, a OIM sugere uma postura de "respeito e reconhecimento face ao enorme contributo que os migrantes" têm dado às sociedades de acolhimento.
"Os migrantes de hoje não são invasores ou intrusos. Sendo jovens, muitas vezes a começar as suas vidas laborais, os migrantes são parceiros cruciais para os nativos, preenchendo vagas nas indústrias com falta de mão-de-obra; renovam bairros em decadência e reforçam os apoios públicos aos mais velhos e aos desempregados, colocando nos cofres estatais muito mais riqueza do que aquela que retiram", sublinha.
De acordo com os últimos dados de uma pesquisa anual da empresa de sondagens Gallup, que inquiriu adultos em mais de 140 países, a maioria dos cidadãos do mundo, com exceção dos europeus, quer que os níveis de imigração se mantenham ou aumentem.
As pessoas na Europa são as mais negativas face à imigração, com 52 por cento dos inquiridos a defenderem uma diminuição do fluxo de migrantes. "Depois de quatro séculos como principal fonte de migrantes, a Europa está a adaptar-se a ser o principal destino", interpreta o diretor geral da OIM, William Lacy Swing.
A França e o mundo estão em choque com o ataque contra o Charlie Hebdo, jornal criado em 1992 pelo escritor e jornalista François Cavanna e que publicava regularmente imagens do profeta Maomé, gerando a ira de muçulmanos fundamentalistas.
Três homens, vestidos de preto, encapuzados e armados, atacaram, na manhã de quarta-feira, a sede do jornal, no centro de Paris, matando 12 pessoas - dez jornalistas e cartoonistas e dois polícias - e ferindo outras 11, quatro das quais em estado grave.
Os dois suspeitos do ataque, os irmãos Said Kouachi e Cherif Kouachi, de 32 e 34 anos, continuam refugiados numa gráfica, em Dammartin-en-Goële, nos arredores de Paris, cercados por uma gigantesca operação policial. O terceiro suposto atacante, Hamyd Mourad, de 18 anos, já se entregou às autoridades francesas.

OIM

Nenhum comentário:

Postar um comentário