O
ano de 2007 (pré-crise, portanto) foi o primeiro em que brasileiros
ultrapassaram os cabo-verdianos como nacionalidade mais representada entre os
imigrantes em Portugal
Eram então 66.354 os
imigrantes brasileiros, segundo o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. Mas a
imigração brasileira começou antes. E até é relativamente fácil aos
investigadores definirem as suas diferentes fases. “A primeira vaga dá-se no
final dos anos 80, início dos anos 90”, introduz o sociólogo Jorge Malheiros.
“Era uma imigração muito qualificada, dos dentistas aos publicitários”,
acrescenta. “Havia também”, reforça João Peixoto, “muitos artistas,
arquitectos…”.
Na
chamada segunda vaga, verificada entre finais dos anos 90 e início dos anos
2000 e bastante mais expressiva do que a primeira, dá-se uma mudança de perfil.
“Cresceu bastante a componente da qualificação média e baixa. Muitos
trabalhadores que foram parar à construção civil, comércio, restauração,
serviços pessoais, e com uma proporção muito grande de mulheres”, recorda
Malheiros. O investigador João Peixoto precisa que estes imigrantes não tinham
forçosamente um nível de instrução baixo, “o que vieram foi ocupar as vagas no
mercado de trabalho que os portugueses não queriam”. Essa vaga continuou a
crescer na segunda metade dos anos 2000. Dos 31.546 imigrantes brasileiros
registados pelo SEF em 2005, passou-se para os 119.363 de 2010, ano em que
começaram a decrescer.
Já
no século XXI, e “numa fase de menor interesse para os imigrantes laborais,
quando as condições económicas se deterioram”, como situa Jorge Malheiros,
“começa-se a assistir a um crescimento muito grande dos que vêm para estudar”.
E isso explica por que é que a quebra nas remessas é mais expressiva do que a
quebra no número absoluto de brasileiros em Portugal.
Portugal P
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