Nos EUA, o governo do presidente Barack Obama já bateu o recorde em
deportações de imigrantes sem documentos regulares, mas justifica a sua
política agressiva com a "proteção da comunidade" contra criminosos,
e não contra trabalhadores ou estudantes. Entretanto, uma análise do jornal
estadunidense The New York Times, publicada nesta segunda-feira (7), revela
que, desde que Obama foi eleito, dois terços dos dois milhões de deportados em
seu governo eram acusados de infrações menores.
Entre as infrações cometidas por grande parte dos imigrantes que foram
deportados estão, inclusive, violações das leis de trânsito e pessoas que não
tinham qualquer histórico criminal. As conclusões resultaram de uma análise
feita pelo New York Times de registros internos do governo. Ainda de acordo com
o jornal, apenas 20% (ou quase 394 mil) dos casos envolviam pessoas condenadas
por crimes graves, incluindo o tráfico de drogas.
"As deportações tornaram-se uma das questões domésticas mais
contenciosas da presidência Obama, e um exame do histórico do seu governo
mostra como evoluiu a desconexão entre os objetivos declarados pelo presidente
de atingir o que ele chamou de vala profunda da lei de imigração e a realidade
que se apresentou," afirmam Ginger Thompson e Sarah Cohen, autoras do
artigo.
As jornalistas lembram que Obama assumiu o poder prometendo uma reforma
abrangente da imigração, mas não obteve apoio suficiente. Assim, o governo
tomou passos que apresentou como um foco específico dos esforços de execução
das leis repressivas de imigração sobre criminosos.
Entretanto, ressaltam Ginger e Sarah, a rede da execução aumentou para
capturar cada vez mais imigrantes, com históricos leves ou sem histórico
criminais. Entrevistas com oficiais atuais e antigos, assim como defensores dos
imigrantes, "mostraram um presidente tentando manter seus apoiantes em
linha mesmo que tenha buscado mostrar aos opositores políticos que seria duro
contra as pessoas que violassem a lei ao entrar ilegalmente no país."
Ainda assim, seus oponentes no Congresso criticam Obama afirmando que
seus esforços de imposição da lei contra esses imigrantes não foram "longe
o suficiente".
Vários estudos de ordens judiciais e relatórios nos últimos anos têm
levantado questões sobre quem está sendo deportado pelos oficiais da imigração.
A análise do jornal estadunidense é baseado em dados do governo, cobrindo mais
de 3,2 milhões de deportações em 10 anos, obtidos a partir do Ato de Liberdade
de Informação, e fornece um retrato mais detalhado das deportações realizadas
durante o governo Obama.
De acordo com as jornalistas, os imigrantes mais visados para estes
casos continuam sendo os mesmos: homens mexicanos com menos de 35 anos, mas
muitas circunstâncias mudaram. Os registros analisados por elas mostram que os
maiores aumentos em deportações de imigrantes sem documentação regular estão
entre os que têm, como ofensas mais graves, a violação do tráfico: foram 43 mil
casos durante os últimos cinco anos do governo de George W. Bush e 193 mil
durante os cinco anos em que Obama é o presidente.
Além disso, também aumentou o número de deportações daqueles que foram
acusados por entrar ou reentrar no país de forma irregular: o número triplicou,
durante o governo Obama, para mais de 188 mil pessoas. Os dados também mostram,
assim, a política de criminalizar ou processar aqueles que, antes, eram
deportados sem acusações formais.
Da Redação do Vermelho,
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