segunda-feira, 28 de abril de 2014

Acre continua como rota de entrada de imigrantes no Brasil

Em janeiro de 2010, o Haiti viveu o momento mais trágico de sua história, quando sofreu um terremoto de sete graus na escala Richter. A miséria decorrente da situação levou milhares de haitianos a migrar para reconstruir a vida. O Acre, portão de entrada desses imigrantes no Brasil, já acolheu os mais de 20 mil que atravessaram a fronteira e permanece como rota de outros que chegam a Brasileia e Epitaciolândia.
Os primeiros começaram a chegar ao estado em dezembro de 2010 e a resposta do governo estadual foi imediata. Prestativo às necessidades assistenciais, deliberou a construção do abrigo público em Brasileia para ajudá-los no processo. Além de quatro refeições diárias, os haitianos tiveram auxílio na emissão da documentação necessária para seguirem seus destinos, haja vista que o Acre era apenas um ponto de chegada.

om o tempo, senegaleses e dominicanos também aportaram na fronteira, que passou a se consolidar como rota internacional de imigração. O Estado ofereceu alimentação, alojamentos e atendimento em saúde.
De janeiro de 2012 até agora, mais de R$ 4,6 milhões foram repassados pela União como suporte ao atendimento. Para ressaltar as dificuldades de logística que extrapolaram a normalidade na execução de políticas públicas, o governo decretou emergência social em abril de 2013. Em janeiro deste ano, foi determinada a prorrogação de mais 90 dias do decreto, de número 6.502.
Transferência de Brasileia para Rio Branco – A aglomeração de imigrantes começou a gerar um clima de descontentamento visível por parte dos moradores de Brasileia, que tem cerca 20 mil habitantes. Transtornos no movimento do município, tumulto nos bancos e filas nos postos de saúde geraram a necessidade de transferi-los para Rio Branco. Dessa forma, o espaço em Brasileia foi fechado e os imigrantes encaminhados para o abrigo montado no Parque de Exposições Marechal Castelo Branco, na capital.

Nesse contexto, o Acre lutava para superar a crise na economia em virtude do fechamento da BR-364, que isolou o estado do restante do Brasil com a enchente histórica do Rio Madeira, em Rondônia. Diante das condições impostas pelo isolamento que durou mais de um mês, o governador Tião Viana decretou situação de calamidade pública no início de abril de 2014.
Aviões da Força Aérea Brasileira (FAB), e outros que foram fretados, ajudavam no transporte de hortifrutigranjeiros ao estado. Os imigrantes puderam utilizar o meio de transporte para sair do Acre e continuar viagem, como desejavam, – sendo levados, em sua maioria, nos voos fretados na volta até Porto Velho (RO). De lá, seguiam por via terrestre aos seus destinos, entre eles, o estado de São Paulo. Diariamente chegam pela tríplice fronteira – Brasil, Peru e Bolívia – dezenas e até centenas de imigrantes, o que estabelece uma problemática de reflexão em âmbito internacional.
Com o cessar dos voos, agora os imigrantes embarcam em ônibus para outros estados. “Eles estão chegando a Brasileia com o protocolo da Polícia Federal e de lá são trazidos para Rio Branco, onde são vacinados e, depois de terem a documentação em mãos, seguem de ônibus aos seus destinos”, explica o secretário de Desenvolvimento Social Antônio Torres.
Por que os haitianos escolheram o Brasil?
O Haiti é um país localizado na América Central. Com mais de 10 milhões de habitantes, a antiga colônia francesa é a primeira república negra do mundo, tendo sido fundada em 1804 por antigos escravos. Marcada por uma série de governos ditatoriais e golpes de estado, a população haitiana presencia uma guerra civil e muitos problemas socioeconômicos, sendo o país economicamente mais pobre da América, com um Índice de Desenvolvimento Humano de 0,404, considerado baixo.
O Brasil foi o país que se responsabilizou pelo processo de pacificação no Haiti, comandando mais de 7 mil soldados da força de paz da Organização das Nações Unidas (ONU). Esse terremoto agravou ainda mais os problemas sociais do Haiti. A água potável, alimentação e remédios não são suficientes para suprir as necessidades da população. Estudiosos acreditam que foi o contato direto com os brasileiros em missão que transformou o país numa referência para a rota de imigração.

Com o terremoto de 2010, estima-se que 250 mil pessoas foram feridas, 1,5 milhão de habitantes ficaram desabrigados e mais de 200 mil morreram.

Agencia Noticias Acre

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